segunda-feira, 8 de junho de 2009

Histórias de anjos e barcos

1.

Foram um pouco demais as últimas emoções. Não queria ver nem ouvir ninguém, isolei-me. Não estava com vontade de sexo mas da cabeça não me saia Paulo. Quando, naquele dia, eu saí do banho, tratei-o por Paulão e ele abriu os seus alvíssimos dentes, por entre os lábios roxos e carnudos, no mais lindo sorriso do mundo. Ainda como se tudo me tivesse deixado em estado zen, não desliguei o telemóvel mas não atendi telefonemas. O único que atenderia seria o de Paulão mas ele não ligou.

2.

Fiz uma pequena retrospectiva do que estava a ser a minha vida. Não voltaria ao escritório nem que Jerónimo se pintasse, não estava a tempo de regressar à faculdade, tinha rompido com Miguel que agora namorava Clarisse, o que me dava uma enorme vontade de rir pois Clarisse é minha amante. Penso constantemente em Alex, sonho com a Ilha do Mel e com Ari e Iara e não consigo esquecer aquele obelisco que recebi dentro de mim em pleno parque do Obelisco. Vivo como se estivesse num limbo, vejo e revejo a minha vida mas só Paulão a preenche.

3.

Sentei-me em frente à televisão para descontrair mas acto contínuo, adormeci. Infelizmente o sono foi curto. Felizmente o sono foi curto. Era Paulão quando eu estava com Paulão. Tinha iniciado o sonho segundos antes. Paulão entrava envolto em uma nuvem branca de vapor, como ébano em algodão. Umas asas enormes de anjo e vários anjos à sua volta, bem mais pequenos, completavam o cenário. Iara, Sandrinha, Carlão, Iris, todos da Ilha, Margarida, a hospedeira de bordo, o moço do Obelisco, Alex e Ari, Miguel e Clarisse, Jerónimo e Rita. Eram como que uma guarda de honra, mas só Paulão sorria. Todos nus, todos sem sexo. Só o sexo de Paulão duro e erecto, como se fosse o mastro de proa de um galeão quinhentista se distinguia. Pegou-me e vendou-me os olhos. Segredou-me de que mais um minuto a olhar os anjos, cegaria. E os anjos fizeram a festa. O meu corpo foi envolto e acariciado por dezenas de mãos. Nem um centímetro quadrado de pele foi deixado para trás. Os meus seios entumeceram, a minha vagina humedeceu, os meus lábios incharam, o meu clitóris palpitou e, enquanto me segurava sentada numa anca e a outra mão na roda do leme Paulão dirigiu o “galeão”. E navegamos, voando. Ancoramos na maior nuvem do quarto, Paulão colocou-me de bruços e introduziu-me o mastro, de uma vez só pelo ânus acima. Os anjos continuavam a acariciar-me e a anja-clarisse lambeu-me uma lágrima que me deslizava pelo rosto. Embora de olhos vendados tive a certeza de que, nesse momento, a anja-rita, toda vestida de negro, sorriu.

O telefone tocou. Era Paulão mas eu ainda estava nas nuvens.

4 comentários:

  1. Adorei a retrospectiva informativa atualizada! :))
    Mas, vem cá, será que ela nunca pensou que pode engravidar nesse frenezi todo? Ou ela já está na menopausa, com tantos quilometros rodados? :)

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  2. Janette, estás mesmo portuguesinha!!...até no escrevinhar...acho eu!!!
    Depravada qb mas a definir "novos caminhos" (mas sempre na continuidade do "bem bom", né?)

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  3. Rapaz, mas a ninfa Janette tem cada sonho. Conseguiu dar até sexo aos anjos!

    Eu particularmente imagino anja Clarisse, tocando harpa, toda nua e...bom, deixa pra lá.

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