quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Tiramissu

Há uns anos atrás comi um doce chamado tiramisu. Base de mascarpone, café, licor de amêndoas e cacau em pó. Exótico, ao mesmo tempo marcante.

Hoje, digo que é a minha sobremesa preferida. A diversidade de seu sabor confere-lhe um lugar de honra no meu paladar.

Seu tom moreno, mas um creme que um dia foi claro, com sabor café e o aroma da amêndoa e amargo do cacau, que torna tudo de uma sensualidade alucinante.

Foi nisso que pensei enquanto experimentava a sua pele morena, enquanto Miguel acariciava a mim e a ela.

Eu, já estava toda excitada com aquela brincadeira no elevador e foi tão fácil ver no olhar de Clarisse que o desejo também estava ali.

Mas foi Miguel que a enlaçou pela cintura e a beijou tirando-a da porta. Como fomos parar todos na sua cama é um lapso que ainda tenho na memória.

A sua boca tão delicada procurou a minha e isso me fez mais excitada – queria tanto! Tanto quanto o olhar de Miguel, que nos olhava com desejo. Teria as duas.

As roupas nem foram empecilhos – sumiram misteriosamente. Foi quando senti a mão de Miguel percorrendo as minhas curvas e o meu lago de prazer... Suguei os seios de Clarisse e ela gemeu de prazer, porque Miguel também a provocava.

Então, olhamos uma para a outra. Como é intrigante o olhar de uma mulher para outra. Como os pensamentos e sentimentos fluem, sem impedimento. Sentir o seu calor e o seu desejo é coisa única. Mas ambas queríamos mais.

Virei-me para Miguel e o acolhi em minha boca, inteiro, pulsante, com sabor, quente. Enquanto a minha língua brincava em lhe dar prazer, sentia em mim a língua de Clarisse a me penetrar docemente, experimentando a minha água. Miguel segurou-me pelos cabelos e não se permitiu derramar o seu leite em mim. Ele queria Clarisse. Eu sabia que ele gostava desse doce.

Então ele penetrou-a, com força. Até eu senti fundo a estocada e fui até junto dela e enquanto ele a possuía, eu tinha os seus seios, o calor de sua pele, que me enlouquecia. E ela gemeu de prazer. Um gemido doce... Uma entrega deliciosa... E eu beijei-lhe o umbigo.

Como se a coisa tivesse sido premeditada, Miguel afasta-se de Clarisse e agarra-me por trás. E então lembrei-me porque tinha gostado tanto dele. Ele nunca se cansa.

Força-me lentamente, com doçura, porque sabe que dói – mas até mesmo essa dor me dá prazer. É a vez de Clarisse de chupar-me os seios, mordiscá-los, beijar-me os lábios, enquanto Miguel me possui por trás, com ritmo cada vez mais rápido, e mais forte e todo o meu corpo é tomado de sensações de um prazer louco que eu grito. Loucura e prazer.

E nos derramamos, os três, nos lençóis que eram claros.

Creme, café e amêndoa.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Sobe e desce

Miguel aceitou o convite de Clarisse. Despiu a pouca roupa que tinha, na realidade apenas uma t-shirt e as cuecas, tomou um duche rápido, colocou o desodorizante, deu uma baforada com o perfume que tinha mais à mão e gargarejou com um elixir para a boca. Uma camisa simples de meia manga que ficaria por cima de uns jeans creme Marlboro e umas sandálias. O apartamento de Clarisse era ali ao virar da esquina, mais cinco minutos e estaria lá. Era só tocar no botão da campainha.

Duas mãos por detrás cobriram-lhe os olhos, Adivinha, disse com uma voz meiga. Uma estranha coincidência colocara Janette no percurso que, aliás, era mais dela do que dele. Janette, respondeu ele, sem hesitar. Ela retirou as mãos em venda e ele virou-se lentamente. Não foi preciso muito, um beijo mais a excitação que lhe foi crescendo pelo caminho a pensar em Clarisse tinham preparado o terreno.

Entraram no elevador, fizeram-no subir um pouco e entre dois andares pararam-no. Sofregamente ele levantou-lhe a saia curta, embora justa e num puxão tirou-lhe as cuequinhas. Ela desapertou-lhe o cinto e desceu o fecho de correr e baixou-lhe as calças. Sem perder tempo encaixaram-se aqueles dois corpos, numa penetração tão profunda quanto subversiva. Em êxtase não deram pelo movimento do elevador que começava a subir.

Clarisse deparou com aquela cena quando as portas se abriram. Com um ligeiro rubor na face, Miguel de Andrade tentou esboçar um sorriso, enquanto Janette e Clarisse se olhavam olhos nos olhos. Clarisse, sem demonstrar qualquer tremor na voz, convidou-os a entrar no seu apartamento.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Tesão no travesseiro

Clareia-Mi
Diz-Mi com tua voz e teu toque que ama-Mi
Cala-te no teu desejo e ilumina os teus olhos nos meus
Clareia os meus sonhos com seus contornos suaves
Possua-Mi com tua paixão pulsante
Faça-Mi tua
Seja minha luz

(Poeminha das minhas noites em claro, dos meus desejos insanos...)

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Um estranho e-mail

Querido Miguel,

Eu creio que tu já conhecerás, pelo menos de vista, a gaja que mora no apartamento por baixo do meu. Aliás ela costuma frequentar a piscina do condomínio e eu já tenho reparado que ficas muito tempo na varanda quando ela lá está, portanto eu não sou parva. Mas não é para fazer uma cena de ciúmes que eu te estou a mandar este e-mail. O que me anda a intrigar é o jeito como ela me olha. Parece que me come com os olhos. Começo a achar que ela é fufa e eu a ficar assustada. Bem, se por um lado me assusta, por outro deixa-me mais tranquila em relação a ti, meu amor. Só que tenho de te contar uma coisa. Ela tem mesmo uns olhos bonitos. E no outro dia, estava eu a estender umas peças mais íntimas ela olhou-me tão fixamente que até tremi. E fiquei húmida. Já viste, amor, eu agora a ficar com tesão por gajas. Achas isto normal? Olha que até a contar-te isto fico toda arrepiadinha. Só tu, meu querido, me podes ajudar a assentar os pés no chão e a trazer a cabeça de volta a Terra. Queres vir cá esta noite? Sinto-me tão sozinha.

Tua,
Clarisse

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Açúcar

Bons tempos aqueles em que os homens se podiam dar ao luxo de ter mais do que uma mulher e nenhuma delas ter crises de ciúme...

Qual o pecado em amar os seios de Janette e as deliciosas curvas de Clarisse? Aliás, curvas quentes...

Para falar verdade, nem são as curvas que me atraem tanto, mas o sabor das duas.

Se eu fosse um canibal, creio que me fartaria com os seios de Janette e o tempero de Clarisse, com o seu cheiro provocante que me excita até quando penso nela. Mas o ideal, mesmo, era ter as duas... Uma Janette que não hesita e uma Clarisse que provoca.

Outro dia fiquei ao longe a observar as duas que se encontraram casualmente no mercado. Nunca vou saber se foi casualmente ou não.

As duas estavam no setor de legumes e ali ficaram por um bom tempo escolhendo demoradamente cada legume... quase acariciando. E eu ao longe... Jurava que no olhar das duas havia muito mais do que apetites culinários. E no meu...

Podia sentir a mão de Clarisse passeando por mim e Janette me experimentando. Podia ver os olhares trocados pelas duas. Podia imaginar Clarisse se deliciando com os seios de Janette. Podia sentir as minhas mãos tocando essas mulheres que me enlouquecem e a língua de Janette sentindo o mesmo prazer que sinto em imaginar o gosto de Clarisse. Cenas e cenas a passarem-me pela cabeça e eu ali... só imaginando... sem coragem de as convidar para almoçarem na minha casa.

Enfim... foi-se.

Acho que vou preparar um doce qualquer para adoçar a minha boca.

Será que Clarisse tem açúcar?

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Sonho com cheiro de aloendro

O episódio com Miguel era inevitável. Há muito que eu andava desejosa desse encontro. Quando ele me telefonou, nem hesitei. Sabia o que me esperava e ele sabia o que queria. Estávamos em sintonia. Não vou dizer que isto não se repita mas estou tremendamente dividida. Miguel de Andrade não é a minha grande paixão de vida. Nem sei quem é. Ando num dilema desgraçado. Clarisse, a minha vizinha do apartamento de cima é que me faz a cabeça. Será que estou apaixonada por ela? Ontem quando ela estendeu a roupa no estendal que dá para as traseiras do apartamento fiquei como petrificada. Porquê? Explico. A sua lingerie. Linda, sexy, chamativa. Imaginei-me a viajar entre as coxas dela, que são lindas e bem torneadas, entrelaçar as minhas pernas nas dela, juntar as minhas cueca de algodão branco nas rendas pretas das dela, encostar os meus seios nos seios de Clarisse, beijar-lhe os lábios carnudos, descer-lhe em lânguidos e húmidos beijos pelo corpo abaixo, acariciar no meu rosto a sua púbis, que não conheço mas imagino a beleza, beijá-la como quem cheira um aloendro. Depois fico com raiva e com ciúme. Raiva porque eu, Janette, nunca teria a ousadia de propor algo que fosse a Clarisse. Ciúme porque sei que Miguel também a observa na piscina. Vou embora, vou dormir e sonhar. Depois eu volto.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Beijo Queimado

Os seus olhos vasculharam tudo em menos de quatro segundos e percebeu, antes que lhe perguntasse qualquer coisa, as reais intenções de Miguel.

Só ficou intrigada, realmente, com os botões da cadeira.

Preparou o whisky como ele havia pedido. Ela, pessoalmente, detestava aquela bebida – preferia o vinho, mas amava o beijo do whisky, que queimava. Ainda assim preparou dois.

Enquanto estava sobre ele, naquela cadeira que reclinou tão deliciosamente, sentindo o calor do seu beijo na boca, imaginou, num pequeno pecado de distração, que lá fora poderia estar tão quente quanto ali, naquele momento.

As mãos dele, curiosas, desabotoaram-lhe a camisa e alcançaram-lhe os seios. Pensou que sempre achou que seria assim, quando nadava na piscina, imaginando-se abraçada a ele. No entanto, o prazer era maior. A língua que contornava os seus mamilos ainda exalava o whisky gelado.

Ajudou-o a desenvencilhar-se das roupas e nada mais passava pela sua cabeça, a não ser sentir o toque daquele corpo que a enlouquecia e a incitava a dar-lhe prazer. Uma troca justa.

No entanto, num repente, virou-se de costas e fez-se guia das mãos dele, enquanto sentia o seu desejo firme atrás de si.

Brincou em carícias excitantes que lhe mexiam todos os sentidos, enquanto ele, cada vez mais, mostrava como aquilo o estava a enlouquecer.

Nesse instante, não havia mais cadeira, nem long chaise, nem mesa, nem canapé, nem nada, a não ser o tapete que por ali se encontrava, talvez casualmente.

E foi ali, no chão daquela sala mobiliada com tanto esmero, que ele a fez sua, penetrando-a com a força do seu desejo, ritmando ao som dos seus gemidos de prazer, da visão do seu olhar de luxúria, de suas unhas cravadas no tapete, cada vez mais rápido... e o corpo molhado, como saído da piscina, e isso lhe deu prazer enorme... agora tinha-o.

Descansaram sentados, romanticamente olhando um para o outro, no canapé da entrada terminando os seus whiskies com um ardor de beijo queimado.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Modernices

Miguel de Andrade telefonou a Janette. Foi apenas uma semi-surpresa. Mais cedo ou mais tarde ele haveria de contactá-la. Desde que se tinham conhecido naquele bar que ficaram de se ligar. No entanto, nem um nem outro queriam tomar essa iniciativa. Os jogos de sedução, onde a piscina tomava o papel principal mantinham viva aquela não-relação. Mas ela foi.

O novo mobiliário do seu escritório poderia ser ou não o ponto de partida. Ele iria fazer o teste. Em frente a uma secretária de carvalho maciço mas de recorte moderno, onde pontificava uma cadeira em pele de última geração com os comandos domóticos que lhe permitiam controlar quase todas as funcionalidades internas, situava-se um moderno móvel da mesma madeira, a aparelhagem de som, o LCD, o leitor de DVD e o bar. À entrada da porta do lado esquerdo um canapé, herdado de uma avó que dava um lado romântico à sala e o fundo uma mesa de reuniões com seis cadeiras. Encostada à parede do fundo dois sofás, um com longchaise e outro mais pequeno. Sentado na cadeira, abriu o bar e pediu a Janette que lhe oferecesse um whisky. Com 2 pedras de gelo.

Janette, que não entendia porque é que um escritório, onde seria pressuposto que se trabalhasse tinha que ter tantas comodidades que mais convidavam ao lazer, preparou um whisky para cada um. Entregou um a Miguel que, carinhosamente, lhe segurou a mão e, numa fingida curiosidade, perguntou-lhe se uma cadeira com tantos botões seria funcional. Ele puxou-a um pouco para mais perto de si, sentou-a no seu colo e recostou a cadeira. A um leve clique a porta trancou-se e o quarto mergulhou numa semi-obscuridade. Terminaram o whisky no canapé.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Água Molhada

Sabia que estava ali.

Não, não o via, mas sentia que estava ali.

Já era quase como um ritual – despia-se na beira da piscina lentamente e saltava para a água tépida. Todos os dias.

Nadava como nadaria em qualquer piscina ou mesmo mar, mas ali... Ali era diferente.

Não sabia onde ele estava, nem quem era, mas sentia os seus olhos lambendo-lhe a pele quase nua, quase como a água morna que abraçava o seu corpo. E era assim que imaginava quando nadava de costas, quase como uma entrega aos olhos invisíveis que a aqueciam em cada final de tarde.

A cada braçada que dava era como um abraço que a fazia mais próxima daquele corpo que desconhecia. Um abraço que a aquecia e que passeava pelo seu corpo inteiro.

Apesar do sincronismo, as suas pernas por vezes traíam-na querendo ser donas do improvável. Querendo ser donas da gruta do seu prazer, revelando-a ansiosa.

Mergulhava até o fundo até o ar se fazer impossível de se esperar. E explodia à superfície, quase num êxtase, num prazer imaginário.

Por fim saia... Deixando escorrer a água quente do seu prazer... E um sorriso pairava no seu rosto.

Sabia que ali, onde ele estivesse, a sua água molhá-lo-ia.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

janette (i)

Ficava horas na varanda. Da janela do seu apartamento podia ver uma nesga da piscina e a porta de acesso. Janette, era assim o seu nome, poder-se-ia considerar uma sereia. Não que tivesse cauda de peixe ou que cantasse alguma canção de perdição para a sua condição de ex-marinheiro, não, mas Janette era uma sereia a nadar e isso era o que lhe incendiava o fetiche. Nadaria assim sob os lençóis tão ligeira quanto sob as límpidas águas da piscina? E em cada final de tarde encostava-se ao espaldar, olhava Janette e sonhava húmido. Em auto-ajuda.