domingo, 29 de março de 2009

FÉRIAS

- Ai, Je… - acredito que Freud explique o fato de diminuirmos nomes grandes para uma única sílaba quando o prazer é intenso.

Mas, o problema nem era esse.

Eu estava ficando viciada em rezar. Adorava rezar. Começava a dispensar chás e algumas preliminares supérfluas, como conversa à toa.

Tão logo Jerónimo chegava era abordado na entrada com beijos e mãos atrevidas que lhe desabotoavam camisa e se desfaziam das calças. Quando chegava ao quarto, porque era para lá direto que íamos, já estava nu e pronto para enfrentar uma sessão de rezas.

Agradecia aos céus os meus seios túrgidos e deliciosos, o meu sabor inigualável que corria por minha cachoeira insaciável e a minha gruta do prazer, surpreendente e que se abria ao seu desejo.

Entretanto…

Meus hematomas estavam a sumir e a torção do meu pé já não era desculpa para eu ficar em casa.

Eu estava louca para voltar ao trabalho e com saudades daquele sofá, a imaginar cenas tórridas.

Mas ele não pensou nada disso…

Deu-me um mês de férias. Tudo pago. E bem distante…

Eu, sinceramente, não entendo…

sexta-feira, 27 de março de 2009

Não sei rezar

O Sr. Jerónimo vinha-me visitar todos os dias. Trazia-me bolachas de água e sal, as minhas preferidas e preparava-me um chá verde só para que eu não fizesse esforços sobre o pé. Depois sentava-se na minha cabeceira enquanto eu comia, acariciava-me o cabelo de dava-me um beijo suave antes de devolver a chávena à cozinha.

A nossa cumplicidade era já demasiado forte para que tivéssemos preconceitos de qualquer espécie um com o outro. Assim não era de admirar que depois do chá eu lhe começasse a tirar a camisa e a despir as calças enquanto ele me levantava sobre os ombros e retirava pelo pescoço a camisa de dormir com que passava os meus dias sobre a cama a ler e a contar minutos.

Mas o Sr. Jerónimo queria tudo menos que eu sofresse e para evitar que eu desse voltas e mais voltas ou que fizesse grandes pressões sobre os hematomas que a queda me causou solicitava-me que me ajoelhasse.


foto do topo daqui com a devida vénia e publicidade

domingo, 22 de março de 2009

Vinte e cinto

- Janette! – era sr. Jerónimo… Era a segunda vez que eu derrubava café em suas listagens.

Meticuloso que é, gosta de imprimir as suas listas de scripts de computador para não precisar ficar muito tempo à frente do ecrã.

E eu, acidentalmente, pela segunda vez que passava por sua mesa, esbarrei no copo de café que invariavelmente deixa por lá para sempre estar atento àquelas pequenas letras que o forçam a usar óculos.

Evidentemente que o trabalho não rendeu quanto devia e ele se sentiu na obrigação de ficar até mais tarde para acabar o que tinha programado, além de estar evidentemente aborrecido comigo.

Eu, com um terrível peso na consciência, acabei por ficar também já que tinha um arquivo enorme para colocar em ordem, devido à incompetência da funcionária anterior. Detesto gente incompetente...

Assim, já quando deu por terminado o seu trabalho, que nem por sonho pensei em interromper, ele deu-se conta que eu ainda estava por lá e do adiantado da hora. Descemos juntos as escadas mas, no último degrau... Eu tropecei e virei o pé.

Ainda bem que tudo funcionou direitinho, porque passei dois dias treinando aquela queda sem grandes danos.

- Tudo bem, minha menina? – ele, todo solícito, ajudando-me a levantar – Machucou-se? Quer água?

- Acho que se subir naquele sofá que tem lá em cima eu posso ver direito se houve estrago maior. – respondi, dolorida.

- Será que vai precisar ir a um médico? – atencioso.

- Acredito que não... Ajuda-me?

Sem hesitar, enlaçou-me pela cintura, enquanto subíamos os vinte e cinco degraus daquela escada. Vinte e cinco degraus apoiando-me em um pé só! Vou me lembrar desses vinte e cinco degraus pelo resto da minha vida! Vinte e cinco degraus com o meu corpo colado ao dele. Vinte e cinco degraus e meus dedos passeando pelas costas dele, levemente...

Sentei-me no sofá, lentamente, tendo o cuidado de passar o meu decote próximo demais aos olhos dele, que não ficaram indiferentes.

Ele ajoelhou-se frente a mim e pegou meu pé para ver o estrago. Grande estrago!...

Nada havia, a não ser o meu pé a ser oferecido aos seus lábios, que não recusaram. Lábios quentes, mãos quentes, que me aqueciam de baixo para cima.

Sentia o seu desejo ardente em cada beijo dado que me subia perna acima, coisa bem facilitada pela saia que vestia.

Nossos olhos se encontraram e ele viu meu desejo escancarado. Foi-se a blusa com decote, foi-se a saia e ali ficamos nós, num sofazinho de uma empresa quase às escuras, ouvindo os carros a passar do lado de fora, e as vozes dos comerciantes fechando as suas portas, nos excitando a fazer tudo às pressas e com maior desejo.

Os seus dedos eram rápidos em achar caminhos e achou o meu ardente, molhado e desejando por ele.

Ele riu por um momento, rápido momento, e me beijou na boca, numa paixão furiosa, que me deixou sem fôlego e sem ação. Suas mãos passeavam pelos meus seios, pernas e sexo, numa sensação de múltiplos prazeres, enquanto sua boca ainda aprisionava a minha, com sua língua que tomava todos os seus espaços.

Ainda nessa fúria, me fez sua e suas mãos me aprisionavam como se quisessem me fazer mais do que parte dele. A dor, o tesão, a surpresa, o movimento, o lugar, tudo me enlouquecia. E quanto mais eu gemia, mais ele me infligia sensações que jamais esperava que ele pudesse me proporcionar.

Já não lembrava mais como era gozar desse jeito.

Fiquei uma semana em casa tratando dos hematomas...

quinta-feira, 19 de março de 2009

Dia a dia

Nunca gostei muito dos meus colegas de trabalho, mas o velhote é simpático. Se bem que ainda não há dois meses que me empreguei acho que é tempo suficiente para ter uma opinião. Todos se me insinuam, mas o único com quem seria capaz de me aventurar era com o Sr. Jerónimo.

A lambisgóia tem uma pequena mesa de paralela à minha no outro lado do corredor. Não tem jeito para computadores e está sempre com a ponta do lápis na boca. Deve achar sexy. Usa o cabelo curtinho e quase sempre vem de mini-saia, que não combina nada com o seu ar arrapazado. Olha-me pelo canto do olho, manda-me uns sorrisos sacanas a propósito de nada e cruza e descruza as pernas sempre a deixar ver as cuecas. Um dia ainda lhe digo que não gosto da lingerie que usa. Lambisgóia!

O Rodrigo, trabalha à minha frente de costas para mim. Um dia destes ganha um torcicolo no pescoço. É casado, tem pouco mais de 30 anos, dois filhos e uma mulher lindíssima. Com ela eu deitava-me. Palavra de Janette! Tem sempre algo para me dizer a toda a hora, o dia todo, ora para pedir ajuda, ora para se oferecer a ajudar. Gasta-me o nome de tantas vezes por dia pronunciar Janette. Morre de tesão por mim. Um dia destes, depois de termos estado a conversar mais três minutos do que o habitual, saiu para o WC. Disfarçadamente persegui-o e fingindo não ter reparado, abri a porta alguns segundos depois. Tinha começado a masturbar-se. Sei que ficou atrapalhado pelo rubor que trazia no rosto, mal saiu. Não o deixei acabar o serviço, pensei enquanto ri para dentro.

O Sr. Jerónimo é um velhote que já viu passar muita gente pelo escritório. Quem o vê trabalhar com o computador não acredita já ultrapassou em muito a idade da reforma. Lança-me piropos educados e insinua-se com tiques de quem é de há muitas gerações atrás. No entanto, arranja sempre um pretexto para me “invadir” o posto de trabalho. Encosta-se-me ao braço, roça-se-me nas costas e garanto-vos que, para quem associa tamanho a qualidade o Sr. Jerónimo poderá ser carimbado de 1ª Cat. Vá lá, de 2ª. Ainda assim não me estou a imaginar com o velhinho babando no meu travesseiro. Mas a noite passada sonhei com ele. Se eu lhe contar o homem vai ter um orgasmo à frente do computador. Ou um baque cardíaco. Será melhor ficar quieta ou pôr em prática o plano que elaborei para esta noite?

segunda-feira, 16 de março de 2009

Dois números acima

Decididamente, gosto de chuva. O cheiro que deixa no ar depois da terra molhada. A água a escorrer lá fora limpando céu, rua e pensamentos.

Lembro-me sempre quando saí para o trabalho num dia de chuva...

Tudo o que levava para me proteger era uma jaqueta de jeans dois números maior que o meu – outra mania que tenho. Adoro ser abraçada por números bem maiores que o meu.

Mas, naquele dia, todo o céu despejou sobre a cidade. E eu ali, como que a passear num parque.

Então, da sacada de uma casa vi-o. Na verdade, foi ele quem me viu. Através da janela. Olhou-me intrigado através do vidro enquanto eu caminhava pela rua. Momento depois desapareceu da janela.

Quando me aproximei da casa ele abre a porta.

- Não preferes esperar que a chuva passe?

Ele era dois números maior que o meu. Não teve como eu recusar.

Entrei naquela casa estreita, mas de um aconchego impressionante.

Ele tirou-me a jaqueta e percebeu que a camisa branca que eu vestia me colava ao corpo.

- Vou buscar uma toalha para te enxugares.

Subiu as escadas, mas eu não quis ficar parada ali esperando por uma toalha. Fui atrás.

A chuva ainda batia no vidro da janela.

Ele viu-me na porta do quarto e ali ficou, a segurar a toalha aberta esperando que eu me aproximasse para me secar.

A toalha, na verdade, ficou caída aos pés da cama...

Desabotoou-me, um a um, os botões da minha blusa que insistia em ser tão transparente molhada.

O calor da sua mão arrepiava-me a pele e os meus seios, túrgidos, mostravam quanto eu precisava de ser aquecida.

Beijou-me os ombros com delicadeza e puxou-me para si, secando com suas próprias mãos quentes as minhas costas ainda molhadas.

Estranhamente, quanto mais ele me secava a pele, mais molhada eu ficava.

- Estou todinha molhada... – sussurrei-lhe ao seu ouvido.

Ele deitou-me na cama com uma suavidade deliciosa. Abriu-me as pernas e, quanto mais tentava secar com a sua língua a fonte de tanta água, mais molhada eu ficava e mais exigia de tanto trabalho.

E quando os trovões já rugiam mais forte, ele me penetrou com força fazendo-me ver estrelas junto com os raios e nuvens negras que se derramavam lá fora. E no embalo do cair da chuva, os nossos corpos, ambos molhados, gemiam de um prazer inesquecível.

A chuva continuou a cair por um bom tempo e eu fiquei aninhada naquele corpo molhado, dois números maior que o meu.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Vinte e cinco centímetros

De repente senti um frio correr-me pela espinha. Tinha deixado a janela aberta quando adormeci. Definitivamente o tempo estava a mudar e a ameaça de verão em pelo inverno não passou de um fogo-fátuo. Aconcheguei o lençol a pensar no edredão e adormeci de novo.

Uma bilhete de ida apenas. O regresso logo se veria. Olhei para o relógio e dei uma corrida. A mala de viagem pequena, onde apenas o estritamente indispensável constava, atrapalhava um pouco, mas não iria perder o voo por nada deste mundo. Tinha-me custado os olhos da cara, talvez não só, juntar todo aquele dinheiro mas as Caraíbas estavam ali a meia dúzia de horas de viagem. Nunca paguei para fazer sexo mas estava decidida a isso. Não é em toda a parte do mundo que se encontram homens com dotes daqueles. E esses fazem-se pagar bem.

De bruços, balançando sobre a rede tinha agora tudo aquilo com que sempre sonhei. Vinte e cinco centímetros de chocolate em barra como subversivamente sempre me referi ao coiso. Sorri só de pensar, enquanto humedecia os lábios com a minha própria língua. O jamaicano não parava de me fazer balançar entrando e saindo em estocadas cada vez mais fortes. Os meus orgasmos, sucediam-se em catadupa. No paraíso é assim. Não há limite para o orgasmo. Apenas queria agora sentir o dele e conhecer pela primeira vez o conteúdo de tão sumptuosa mangueira. Seria completamente inundada até que, nova corrente de ar e …

Acordou calmamente, espreguiçou-se, esfregou os olhos e levantou-se. Fechou a janela onde um céu cinzento carregado fazia já estragos inundando ruas. Como uma mangueira sumptuosa deixada inadvertidamente de torneira aberta. Preparou um café jamaicano e ficou a observar a chuva.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Ondas...

Hoje li no jornal que vem outra onda de frio…

Fiquei a lembrar que nem tudo é frio no fim do inverno, que a primavera desponta com tons surpreendentes e que as flores desabrocham inesperadamente, sedentas de um toque mágico de prazer.

É claro que temos que procurar essas flores – são raras... Assim como são raros os arbustos que são fortes e resistem à grande tesão... quer dizer, tempestades. E não é qualquer tempestade, que fique bem claro. Claro...

Ouvi dizer que céu claro é frio, na certa. Mas, por outro lado, tempo quente com céu claro pode ser prenúncio de mais tempo quente com céu claro. Pode vir tempestade mais adiante, mas... que importa?

Então, fico a pensar... Será que quero sempre sentir aquele calor na minha pele, ser invadida deliciosa e tão delicadamente, para depois sentir o rugir da tempestade explodindo de prazer no meu corpo todo?

Só mais uma vez? Ou sempre?

Ou fico deitada aqui, nua, acariciando-me a pensar... só a pensar?...

terça-feira, 3 de março de 2009

Rescaldo

Janette não abriu a boca. Pegou suas roupas, vestiu-se à pressa, não cuidou sequer de se retocar. A viagem seria curta. Com um sorriso nos lábios despediu-se em francês e à francesa. Acenou com o braço e ter-se-á ouvido “au revoir” num tom que alvitrava aventura próxima. Fechou a porta atrás de si e desceu a escada que a levaria ao apartamento. Tomou um banho e deitou-se. Dormiu e sonhou. O sol, através das gretas das persianas encarregar-se-ia de acordá-la.

Miguel estava sentado na beira da cama. Fumava calmamente um cigarro, mas não conseguimos descortinar em que pensava. Tinha por sobre as pernas, cobrindo-lhe o que há pouco tinha sido tão bem usado, uma réstia de lençol. Clarisse aproximou-se tranquila e sussurrou:

- Não sei onde estava com cabeça quando vos mandei entrar.

Miguel nada respondeu. Continuava a olhar as argolas de fumo que fazia com o cigarro. Na verdade ele sempre quis aquilo, apenas não tinha tido ainda a oportunidade. Sentiu-se apenas vencido pela namorada mas a diferença pontual poderia facilmente ser recuperada. Segurou-a pela cintura e puxou-a para si. Sentou-a no colo e acariciou-lhe o cabelo. Beijou-a ternamente na boca, num beijo prolongado. Não tardou em excitar-se. Tal como Janette cujo corpo nu começava a deixar repassar a sua humidade nas pernas de Miguel. Miguel sentiu-a preparada. Deitou-a para trás e enquanto lhe beijava os seios, ensaiou a penetração. Mas nesse dia Clarisse estava com outras vontades. Lentamente rolou na cama. Empinou um pouco as ancas, ajeitou o pénis duro e longo de Miguel e encaminhou-o em direcção à flor que se desenhava em seu ânus. E aí o aconchegou. Miguel fez o resto até se satisfazer. Até se satisfazerem.