terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O Filme

Oi, gente. Desculpem, sei que ando meio distante. Tenho refletido sobre algumas coisas ultimamente, por isso tem quase um mês que não escrevo aqui no blogue.

Mas enfim, minha maior reflexão durante esse período, digamos, sabático, foi sobre como sou medíocre. A frustração sempre me acompanhou em tudo que faço, então estive pensando se era a hora de largar essa minha vida bandida; a vontade de ser mãe tem me aflorado novamente... Mas talvez o tema mereça uma melhor incursão outro dia, não hoje. É que, em contrapartida a isso, tenho a nítida sensação de que ainda deixarei minha marca no mundo, de que tenho algo grandioso a fazer. Vá lá que eu nunca pensei que seria em um filme pornográfico, mas quando surgiu o convite para atuar nele, achei que talvez caminhasse para a concretização dessas minhas intuições. Inclusive com a coisa de escrever o roteiro. Teria escrito o melhor roteiro de filme pornô que o mundo já viu, bem diferente desses toscos que estão à venda ou aos borbotões nas locadoras. Eu inauguraria um novo filão de mercado, filmes pornográficos pra mulheres, se é que já não existem. Sou bem resolvida – termo que pra muito homem significa mulher devassa – mas nunca fui de assistir à muitos filmes pornôs, a coisa da masturbação sozinha cansa minha beleza.

Mas eu falava sobre o roteiro do meu filme pornô. Então. Obviamente, meu épico-erótico-dramático não ficou lá essas coisas escrito em pouco mais de vinte dias. Mas apesar de superficial, continuou belíssimo, tinha a subliminariedade que tanto prezo e amo. O ponto chave da questão é que ele foi parido à fórceps, e um filho meu, um filho de Janette havia de ser interpretado com a alma. Ou seja: seria impossível, porque não tem como um filme de sacanagem comportar bons fodedores e estes ainda serem bons atores. Brad Pitt, por exemplo, se ele tivesse que mandar ver na Jolie, em Mr. & Mrs. Smith ali mesmo, não conseguiria. Ele é muito bom ator e...está bem, está bem, desculpem a digressão. Onde eu parei? Ah, sim! Sobre a produção do meu filme. Eu dizia que entendi o porquê de os filmes pornôs serem em sua grande maioria feitos por poucas falas monossilábicas e muito sexo selvagem. A propósito, sabia que os filme pornôs são iguais aos filmes de ação? Há uma enrolaçãozinha mixuruca no início, entra-se de sola na parte dinâmica e quando o filme acaba você não percebe, porque o final sempre te frustra ou não existe. E a única discrepância entre ambos os gêneros, é que, no pornô, ainda precisamos de mais cérebro pra assisti-lo.

Mesmo frustrada com o fato do filme não ter o roteiro dos meus sonhos, a coisa de participar de algo que ficaria pra história me excitava. Então fiz charminho como estrela da filmagem já que o cachê era uma miséria (duzentos e cinquenta euros) e pedi para escolher quem contracenaria comigo. E assim o fiz. Pra primeira cena, um ménage, na seleção de casting, escolhi Paola: uma loira linda, do cabelo até a cintura, bumbum empinado, seios fartos, boca carnuda, olhos verdes. Ficava molhada só em pensar naqueles lábios sugando minha bocetinha. E o garanhão foi Arnaldo. Cara máscula, marcada de barba, tem um jeitão latino, sabe? Ai, meu Deus, chega dá calafrio em pensar no abdôme do infeliz.

A segunda cena, a que consumiria o resto do filme, tratava-se de um Gang Bang. Não sabem o que é? Olha, até procurei no Google pra não dar uma definição incorreta da coisa, e segundo uma famosa enciclopédia da internet, “Gang Bang são cenas onde uma mulher mantém relações sexuais com três ou mais homens, um homem mantém relações sexuais com três ou mais mulheres ou ainda três ou mais mulheres mantêm relações sexuais com três ou mais homens.” Preciso dizer o que escolhi?

Pra recrutar meus comedores fui à academia de jiu-jitsu em fim de aula, e sem pestanejar, convoquei os oito grandões que ali estavam. Acontece que, os bastidores de um filme pornô também tem tantas falhas e inúmeras repetições de tomadas, que na hora de gravar, a coisa fica meio artificial. Por exemplo, vocês sabiam que entre um take e outro existem moças contratadas só pra deixarem os atores em ponto de bala? É isso mesmo. Nos intervalos entre uma tomada e outra vem uma moçoila, se debruça no cacete do ator e o chupa até recomeçarmos a gravar. Ás vezes acontece de eles gozarem nesse intervalo ou serem precoces quando recomeça a penetração, daí dá-lhe edição. Ou você achava que aqueles atores e as moças aguentam uma média de meia-hora de transa, por participante, porque são bonzões mesmo? Nada disso, a edição é a alma do filme pornô.

Quando começamos a gravar, era um tal de “Olhe pra cá enquanto geme!” que me enchia o saco. Sem falar de quando eu estava lá, lambendo em um dos raros momentos de prazer, apareciam, do nada, com uma luz horrível bem na minha cara. Na boa, desestimulante! Não dá pra foder desse jeito! Tem nada a ver com o fetiche de ser observada, mas literalmente, dirigida, mandada trepar assim ou assado. Eu doida pra dar por Arnaldo de quatro e chupar a bocetinha de Paola e o diretor falando “Corta! Troca pra tomadas das duas chupando o Arnaldo!”, ah, não... Gosto do sexo à minha maneira, ou pelo menos me forçando a fazer coisas que eu faria. Agora, me dizer como devo transar, que assim dá mais tesão, que do outro jeito fica ruim pro público, que daquele outro jeito a câmera não capta bem, ah, isso foi demais pra mim!

Ao final dessa filmagem, nós conversamos e acabamos ficando bem amigos. Entretanto, meu tesão, pairava no ar, dava pra senti-lo e talvez até tocá-lo. “Ok, no Gang Bang será melhor!”, pensei. Seriam oito, oito, oito caralhos só pra mim! Mas os lutadores, dirigido pelo diretor filho da puta só quiseram ver meu oco. Chupei todo mundo e nada de ninguém me chupar, nada de perguntarem o que era melhor pra mim, os caras lá, penetrando, penetrando e eu só pensando a que horas aquilo acabaria. Isso sem falar do pior: esporraram em minha cara! Poxa, eu gosto de engolir, mas gozar na minha cara, não! Já teve porra grudando teus cílios? Então pense duas vezes antes de atender a um pedido exdrúxulo como este! Aliás, ainda quero saber qual o tesão que homem tem em ver um belo rostinho como o meu todo melecado de esperma. Acho que isso vai além da submissão, é humilhação; amor pelo feio ou coisa que o valha, sei lá.

Enfim, não satisfeito em me ver desfigurada, com o esperma de oito broncos em meu rosto, o diretor ainda inventa de pedir pra uma assistente passar um creminho branco lá no meu cabelo, pra falsear, como se tivessem gozado ali também, já que um deles não conseguiu a façanha. Aí me estressei e o mandei à merda ali mesmo!

Fora todo esse ocorrido, acho que só fiquei com tesão mesmo com a DP (se alguém não sabe o que é isso, procure no Google. Agora fiquei sem paciência pra explicar, porque quando não gozo fico muito mal-humorada), mas não superou a minha expectativa de tesão homérico que tenho. Essa coisa de roteiro pra foder me deixou muito, mas muito chateada.

Bom, a última gravação terminou ontem e estou aqui, me masturbando a toda hora, morrendo de tesão, pois não fui saciada. Todavia fui esperta e marquei uma confraternização com os oito brutamontes, mais Paola e Arnaldo aqui em casa logo mais. Estou vendo estrelas, tamanho é o tesão, e eles hão de apagá-las.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Se é para fazer, faça-se!

Estava satisfeita comigo própria, na verdade. Sabia que não iria morrer sem concretizar esta fantasia que era fazer sexo oral num desconhecido em público. Agora só me faltava ser protagonista num filme porno, mas até isso estava próximo de conseguir. Ia nestes pensamentos quando entrámos no apartamento de Rita. Ia aliás de tal modo absorta neles que nem liguei quando ela pôs a língua de fora e a enfiou no meu ouvido, ainda no hall de entrada. Foi só quando comecei a sentir uma humidade fria mas ao mesmo tempo quente, como num pequeno choque eléctrico, que me voltei para ela disposta a retribuir, mas não sem deixar de continuar possuída pelas minhas fantasias. Por mim, durante todo o tempo em que fiz amor com Rita, podia jurar que havia um câmara man na sala. E foi convicta desse desejo que me expus nos ângulos certos, que sorri e gemi de forma estudada, que seduzi uma câmara que não estava lá. Mal podia esperar.
Depois, mais tarde, enquanto fumávamos o cigarro da paz após a amigável batalha que travámos, puxei a conversa. Queria ver o guião do filme. Rita riu, cristalina:
- Oh mulher! E filme pornográfico lá tem guião?
Caí de repente do alto da fantasia onde tinha subido:
- Não tem?! Tem que ter!
- Não tem mesmo, acredita! Chegas lá, tens dois ou três matulões à espera, despes-te. Depois montas um enquanto chupas o outro que está de pé à tua frente e o terceiro aproxima-se por trás e mete também. Finges que tens uns cinco ou seis orgasmos e no fim ficas de joelhos enquanto os três se masturbam para cima de ti. Voilá!
- E depois?...
- Depois tomas banho!
Não, pensei eu. Não mesmo! Um filme porno comigo tem que ter guião, senão não faço! E não pode ser uma coisa própria para ver em festas de primeira-comunhão como a que Rita acabara de me descrever. Qualquer miúdo de seis anos já viu um filme desses! Não! Um filme comigo tem que ser a sério! Mesmo a sério! Tem que incluir dor, sangue. O sangue nunca pode faltar. Não faltou no martírio de Cristo, o clímax da nossa civilização, também não há-de faltar num filme meu. Tem que incluir dejectos, fezes, a condição humana toda sem mentiras. Tem que incluir submissão e sublimação. Estupro e violência. A aviltação de todos os sentimentos, todos os objectos e todas as criações da natureza. Um filme comigo tem que ser a sério!
Decidi que ia oferecer-me para escrever o guião eu mesma.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

À mesa

Estava a sentir saudades de Rita e decidi telefonar-lhe. Não sei se houve transmissão de pensamentos pois, no momento exacto em que peguei no telefone, este tocou. Era Rita. Ultrapassado o pequeno momento da surpresa em que ficamos sem saber se fomos quem ligámos ou não, Rita contou-me que tinha um projecto para mim. Agora que eu estava lançada na fotografia “exótica”, chamemos-lhe assim, e que por acaso até estava a gostar, já que não só me divertia, me excitava também e ainda por cima recebia uma boa quantia por isso, a última coisa que eu esperava era de uma proposta. Seria de trabalho ou seria algo indecente?

Almoçamos juntas num restaurante discreto de Lisboa. Rita tinha-me pedido que fosse de saia larga não muito curta e sem cuequinhas. Não me surpreendi pois é do jeito que eu mais gosto de me vestir. Eu sabia que não podia ser nada que não envolvesse sexo, mas isso para mim é o pão nosso de cada dia. Enquanto comíamos um pequeno crepe de camarão e legumes Rita falou-me do projecto. Margot seria a produtora e eu a protagonista principal de um filme pornográfico. Contou-me de tal modo os detalhes que me deixou completamente molhada. Não resisti a abrir as pernas e a levar a mão às coxas. Rita pediu-me ao ouvido para que masturbasse. Fi-lo, lentamente. O meu rosto não conseguiu disfarçar o momento. O empregado de mesa já não sabia onde colocar os olhos. Aproximou-se e perguntou-nos se podia servir o prato.

Pedi-lhe que, primeiro, nos trouxesse champanhe. Não demorou mais do que dois minutos a trazer a garrafa e o frapé. Encostou-se a mim e eu baixei-lhe o fecho das calças. Pedi para que me servisse e, quando se virou para me servir o champanhe, tirei-lhe o mangalho que já estava, obviamente, erecto. Chupei-o sofregamente, uma, duas, três vezes e depois disse-lhe que podia trazer os bifes.

Atrapalhado pôs-se direito, tentou arranjar a camisa desfraldado e, aflito que alguém, em outras mesas tivesse reparado, saiu de cabeça baixa. Enquanto o garçon foi à cozinha, eu e Rita brindamos com a flute de champanhe meia cheia, deixamos o dinheiro para a conta e gorjeta e saímos de mão dada direitas ao seu apartamento.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

SESSÃO DE FOTOS


O caso é que eu precisava trabalhar. Nem pensar em trabalhar com Margot!

Peguei o jornal e procurei uns anúncios. No fim decidi-me por um que não requeria experiência e era para trabalhar em uma agência fotográfica.

Nem me perguntem o que seja, porque até agora não sei definir o que é. Claro, sei o que é, mas tudo ficou um pouco confuso, dado o que aconteceu por lá.

Era um casal de proprietários e fotógrafos. Queriam modelos fotográficos. Olharam para mim dos pés à cabeça. Senti-me um cãozinho a ser examinado para ver se é comprado ou não.

Por fim decidiram que preferiam fazer um teste fotográfico. Se desse certo eles pagariam pelas fotos, do contrário eu poderia ficar com elas – desde que eu pagasse – ou deixá-las por lá para fazerem parte da apresentação da empresa, ou seu portfolio, ou seja lá como chamam essas coisas.

Fiquei feliz da vida, porque afinal estaria fazendo uma coisa diferente do que faço todos os dias! Iria mudar minha rotina! Sim, sexo e sexo e sexo às vezes cansa...

Foi então que eles pediram para despir-me. Numa ordem assim tão desprovida de emoção e desejo que fiquei chocada! Certo... Não estou acostumada a isso. Mas fiz. Na frente deles, sem qualquer inibição. Só depois percebi que tinha um reservado para isso... E só depois percebi que eles haviam trocado olhares intrigados.

Aliás, foram mais do que olhares intrigados. Eles ficaram a olhar-me com curiosidade e quase dava para ver os pensamentos que lhes passavam pela cabeça. Mas, como não sou vidente, fiquei esperando qualquer ordem dos dois.

- Ahn... – começou a mulher – Nós estávamos pensando fazer outro tipo de trabalho, mas acho que você se encaixa perfeitamente em outro tipo. Eu vou dar um óleo para você passar na pele para ficar mais brilhante. No corpo todo. Tem sabor morango...

Fiz como ela havia me mandado. Enquanto os dois me olhavam.

Então ela veio com uma tira longa de couro e pediu os meus pulsos. Amarrou-me e pediu que afastasse ligeiramente as pernas, jogasse o corpo para a frente e olhasse para a câmera.

Foi um flash. Ia ser divertido!

Então ela subiu numa escada e amarrou as pontas das tiras – e a mim – numa argola que tinha no teto.

Outro flash.

A mulher então desceu e prendeu-me os tornozelos numas argolas que tinham no chão e eu nem tinha percebido. De repente vi-me presa!

Nessas horas a gente pensa um monte de besteiras. Afinal de contas, mal conhecia aquela gente!

- Vamos filmar também. – avisou o fotógrafo.

Percebi que ambos estavam com roupas diferentes. Com máscaras e chicotes em mãos. Entretanto... Detesto pensar nisso... Aquilo deixou-me realmente excitada.

Foi quando senti a primeira chicotada. Lembrei-me de Rita.

Certas coisas entram num circulo vicioso que me intriga.

Mas naquele momento eu não queria pensar nisso – só sentir aquilo tudo...

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O Ménage Gay

Atendi a ligação um tanto nervosa. Paulão me falava com uma voz longe de ser aquela voz grave e bronca a qual eu me apaixonara... O que foi? Não era paixão? Claro que foi paixão, sim! Se gosto de me enganar? Bom, digamos que prefiro dizer para mim mesma que me apaixono por todos com quem transo. Mesmo que sejam paixões efêmeras de vinte minutos, como a desse meu vizinho veado, sei lá, elas fazem com que eu me sinta menos puta e não me arrependa de dar de novo daqui a meia-hora, caso eu queira.

De qualquer forma, lá estava Paulão a me falar como tudo acontecera, como conhecera o veado do meu vizinho. Jurava para mim, ao telefone, que até conhecer Braga (descobri o nome do maldito) ele ainda tinha sua virgindade perpétua. Que foi meio abrupto, que os dois beberam demais e que foi algo parecido com Brokeback Mountain, de momento mágico, de se olharam e se pegaram dentro do carro quando Braga fora deixá-lo à casa. Eu, que sabia que Paulão era – pretérito – muito do bruto, acreditei. Mas pensei cá com meus botões que, provavelmente, Braga fez de caso pensando: primeiro enfiara bebida naquele homenzarrão, para depois lhe enfiar a naba. Só não entendi para quê diabos ele me deu toda aquela explicação. Não sou mulher de cobrar satisfação de ninguém. Só cobro o que posso ter cem por cento. O que não é o caso da satisfação de homens como Paulão, que só uso, digo, usava para satisfazer minhas vontades e necessidades.

Mas enfim, Paulão largou com a digressão em que se metera a murmurar-me e fez o convite a que tanto esperei minha vida toda: participar de um ménage gay. Eu estava ansiosa, aflita e larguei o telefone antes mesmo de ele terminar de falar. Atravessei a rua correndo, subi a escada esbaforida e mal cheguei, pus-me a beijar Braga ofegantemente. Cospia em sua boca e ele retribuía. Paulão se agachou entre nós, me levantou a saia e chupou minha lisa boceta, e me comia o cu com a língua. Que sensação maravilhosa! Eu beijava Braga e Paulão me chupava toda, deixando-me cada vez mais lânguida. Não mais que de repente, parou de me chupar. Parei de beijar o veado do Braga e empurrei sua cabeça para os meus mamilos, com a desculpa de olhar o que já sabia que Paulão fazia: abocanhava o pau de Braga sem dó. Menina, senti-me a escorrer com a cena. Quanto tesão! E te digo que Paulão é muito mulher, pois eu mesma não consegui colocar Braga todo em minha boca.

De Paulão eu enjoara após vê-lo daquele jeito. Então implorei a Braga por uma enrrabada, no cuzinho mesmo. Ele atendeu prontamente puxando uma cadeira para que eu me apoiasse de quatro e colocando sem delicadeza alguma seu mastro em mim. Às vezes penso comigo mesmo que gosto tanto de sexo anal que não sei por que ainda dou a boceta. Esperava a hora da língua de Paulão, agachado entre nós a roçar e percorrer o pau de Braga, minha boceta e meu cuzinho preenchido, mas o gemido do meu vizinho começou a me excitar tanto que até esqueci de Paulão. Braga gemia como nenhum homem gemeu comigo, aquilo era bom para a autoestima, me deixava mais molhada, eu pingava. Não me lembro quanto tempo passei deliciando aquele sexo anal. Sei lá, dez, quinze minutos? Sei que resolvi abrir os olhos para ver onde estava Paulão. Queria chupá-lo. Queria sua porra quente na minha boca, na minha cara, nos meus seios...Quando olhei em volta, entendi porque Braga gemia tanto enquanto me comia. Não era eu, Janette, que lhe dava prazer, mas Paulão e seu imenso caralho. Porra, o veado sentia mais prazer com o agora gay do Paulão do quê comigo! Fui embora na hora batendo a porta, revoltada. Eles que se fodam.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Montanha Russa

Eu não conseguia simplesmente desviar o olhar daquela cena. Com toda a minha experiência na matéria, esta era uma coisa que eu nunca tinha presenciado. Porque os homens não fazem, os homens não podem... Nós, as mulheres, somos tão mais livres neste pormenor! Podemos beijar as amigas, abraçá-las, dormir com elas na mesma cama, trocar roupas e segredos, ficar muito íntimas. Mesmo que se saiba que numa noite mais fria ou num momento mais aborrecido nos aconchegámos para lá do limite, não há problema. Para os nossos homens, é apenas uma tolice, pois no fundo, bem no fundo, acreditam que as mulheres não têm sexo, como Maria. Para os homens estranhos, é uma diversão e um espectáculo excitante. Não há homem nenhum que não fantasie intrometer-se num casal de lésbicas, mas mulher alguma sonha ser o terceiro elemento num casal de homens que se amam. Os homens, entre si, amam-se de forma brutal. Paulão e o meu vizinho já suavam e os seus rostos contorciam-se como se duma luta tribal se tratasse. Os seus corpos reluziam de suor, enquanto davam um ao outro aquilo que as mulheres não lhes podem dar, ou lhes dão apenas uma amostra. Quando se beijavam, era como se tentassem comer-se um ao outro. E eu não conseguia desviar o olhar daquela cena.
Agora eles falavam, e eu imaginava o que poderiam estar a dizer. Tentava ler nos lábios, mas estava demasiado longe para tal. Colei-me à janela instintivamente. Colei todo o meu corpo à janela. Respirei fundo. Paulão estava agora a pegar no telemóvel. Marcou um número... Nesse momento, o meu telemóvel tocou, mesmo ali ao lado, e isso fez-me dar um pulo de susto. Olhei para o visor. Era Paulão!
Adivinhei o que queria e senti como que uma vontade de urinar. As minha calcinhas ficaram, de repente, ligeiramente húmidas. E eu estava louca. Meu Deus, eu estava louca!
Sôfrega, peguei no telemóvel para o atender. Sentia que ia entrar na montanha russa.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Imperfeições

Apesar de triste, o calor não me passava. Não me refiro aos mais de 30 graus centígrados que fustigaram a semana mas sim àquele calor que nos deixa húmidas. Pronto, não me estou a sair bem mas acho que os leitores do meu blog já entenderam. Reabri a janela que o meu vizinho me tinha ajudado a fechar, debrucei-me no parapeito e fiquei calmamente a tomar ar. Vi-o atravessar a rua, acender a luz da escada do prédio e, desta vez, era ele quem tinha deixado a janela aberta. Embora uma diáfana cortina me proporcionasse pouco mais que silhuetas, vi-o despir a camisa e preparar um whisky. Sentou-se num sofá e ficou a olhar fixamente no ponto. Com o comando na mão só poderia estar a ver TV.

Surpreendi-me ao ver parar um carro que não desconhecia. Era o carro de Margot mas não era ela quem estava conduzindo. Estacionou irrepreensivelmente junto ao passeio entre dois carros já ali parados. Era Paulão quem tinha feito tão perfeita manobra, era o perfeitíssimo Paulão, aquele que caprichava sempre que comigo se enrolava, quem estava a sair da viatura. As mesmas calças cor-de-rosa, a mesma camisa branca colada ao corpo, que há momentos ostentava, não davam para que me equivocasse. Pensei então que Paulão viesse reclamar o que não tinha feito, se redimir de não me ter dado a mínima bola quando me deixou “a herança”. Engano meu. Paulão entrou no prédio em frente. Outro arranjinho, pensei e fiquei na minha, olhando para a luz do prédio que se acendia de novo.

O meu vizinho, o do whisky acabado de preparar levantou-se do sofá. Estranha coincidência, Paulão foi ao seu encontro. Entraram na sala abraçados e beijaram-se. Um beijo que se prolongou. Eu não queria acreditar. Quero mesmo poupar-vos a pormenores, mas aquele instrumento que há pouco me penetrava, aquele que me jurava querer ficar toda a noite me amando, aquele que se veio abundantemente em meus seios estava agora a comer o cu a Paulão. Definitivamente este não é mais o meu Paulão e o calor, esse calor que há pouco me dilacerava, transformou-se numa corrente de ar fria de decepção. Imperfeições?

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Herança


Sabe quando as cores ficam mais fortes, mais brilhantes? Não, não é prenuncio de dor de cabeça! Mas aquela sensação de que o dia vai ser melhor, vou ser mais feliz, vou ter boa notícia...
Não foi nada disso. Quer dizer, eu ainda não decidi.
O caso é que do hospital ligaram-me para dizer que mamãe havia falecido.
Telefonei para Margot. Nem sei dizer porque fiz isso, mas como ela conhecia minha mãe achei que mamãe ficaria feliz. Se não ficasse feliz, pelo menos Margot saberia os procedimentos de um funeral, já que com certeza cansou de enterrar prostitutas.
Claro que fiz o meu papel direitinho, de filha amorosa. Mas detestei ser consolada pelo enfermeiro legista que liberou o corpo dela. Aliás, nem sei se existe enfermeiro legista.
Saímos do cemitério, eu e Margot, e fomos beber algo, já que anda um calor infernal por aqui.
- Acredito que saiba que sua mãe deixou-lhe uma herança.
- Pensei que já tivéssemos resolvido a respeito da divida que ela tinha com você.
- Eu não estou falando de dívida, mas de herança, menina!
Vejam só! Afinal uma coisa agradável!
- E como faço para recebe-la? – evidentemente feliz da vida.
- Fácil. Vou mandar Paulo levá-las para você. – disse tão displicentemente que julguei que estivesse realmente feliz em se livrar de algo.
Fui para casa e mal cheguei Paulão chegou. Para falar a verdade nem mais pensava em herança, mas no Paulão.
Abri a porta e lá estava ele, naquele tamanho descomunal, com uma calça rosa, t-shirt justíssima e branca. Evidente que não era mais o Paulão.
- Margot pediu-me para entregar essas malas para você. – disse-me ele, mal olhando nos meus olhos, a depositar rapidamente as malas no meio da sala e virar-se para ir embora – Cuide-se.
E foi!
E eu nem disse nada!
Abri uma das malas e lá estavam roupas estranhas, mas divertidas. Vesti uma delas – eu e mamãe vestíamos a mesma numeração. Era uma que parecia de freira, mas tão curta que eu ri ao pensar mamãe vestindo aquilo.
Novamente a campainha toca e lá vou eu atender, fantasiada como estava.
Dia totalmente atípico. Lá estava, à minha frente, o meu vizinho de rua. Mora uma quadra adiante, mas vez ou outra cruzamos nossos caminhos ou olhares.
- Vim avisar que sua janela está aberta. – disse ele, medindo-me com o seu olhar.
- Gostaria de fechar para mim? – disse eu, imitando uma voz doce e angelical.
- Com prazer.
- Será um prazer mútuo.
Ele fechou as janelas, certificando-se que ninguém mais conseguiria ver as minhas travessuras no apartamento.
Tão logo fechou-as e sua mão foi direto para meio das minhas coxas.
Sinceramente, não preciso de fantasias para ficar molhada. Acredito que ele também não, porque as roupas sumiram rapidamente.
Começou a beliscar-me no interior das coxas deixando marcas vermelhas. Doíam. E ele ria.
- Dói? – perguntou ele, num sorriso sádico.
- Claro. – docemente.
Então mordeu-me e chupou-me com força. Minhas coxas ficaram cheia de marquinhas roxas.
- Você está sendo malvado! – reclamei.
E ele sorriu, satisfeito.
Penetrou-me com força e nos seus movimentos, quase enlouqueci. Sentia a dor de suas mordidas e o prazer do seu corpo no meu.
O meu gozo veio rápido, mas o dele não, que continuou a dar estocadas. Gozei novamente e nesse momento ele retirou-se de mim e gozou sobre os meus seios e rosto.
- Ai, Janette... Seria capaz de passar a noite inteira a amar-te.
Então lembrei-me de mamãe.
- Enterrei minha mãe hoje.
Existem certas coisas que não entendo nos homens. Uma delas é achar que quem está triste não pode transar. Outra, é achar que só porque minha mãe morreu eu deveria estar triste. E outra, é sair aborrecido, mesmo eu pedindo para ficar.
E eu nem sei o nome da criatura.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

A Mamãe e os Meninos

Os três entraram meio ressabiados, afinal, não é todo dia que uma doida na escada ordena a três garotões que lhe façam um filho. Os pobrezinhos só perceberam que eu não falava sério após verem o absorvente preso à calcinha. Não falei sério, mas a vontade persistia. Teria engravidado deles. Seria a mistura perfeita de genes para uma filha ou filho que viesse a ter: olhos mel, como os de Clarisse, cabelos loiros e musculatura atlética.

Imaginei ainda como seria o enxoval, as cores do quarto, caminhar grávida pela praia, comprar batas e vestidões, ouvir uma vozinha me chamando de mamãe. Seria zelosa, jamais o deixaria em frente à tevê, compraria livros muitos livros. E leria histórias, todas elas. Refrigerante? Nem deixaria meu pequenino passar perto! Ensinaria valores dos quais o mundo precisa como a solidariedade, a humildade...sei lá, acho que seria uma ótima mãe. E nem tenho esse sonho de que meu filhinho tivesse um pai. Eu seria ambos, não deixaria faltar nada, batalharia um melhor emprego, um melhor local para morar. Talvez um filho desse forças para mamãe sair do estado letal que se encontra. Talvez um filho me endireitasse. Fosse menino, ensinaria tudo o que uma mulher gosta. Fosse menina, faria de tudo para que não saísse a mãe, uma hedonista que beira a irresponsabilidade e que tem fogo entre as pernas. Todavia, não adiantaria muito, o que me apavora, já que a ninfomania está intrínseca no DNA da família, visto que mamãe tentou me pôr em outro caminho e não conseguiu.

Divaguei tanto sobre meu futuro bebê, que flutuei. Mas aterrisei. Voltando a mim, nua, transando com os três garotões, quando senti um arrepio dos bons. Quando sinto desses, sei que vou ejacular. Isso mesmo, mulher ejacula. Eu, Janette, ejaculo, oras! Não são todas as mulheres que conseguem, mas...como explico isso? Sim, é como se na hora do orgasmo me desse uma baita vontade de urinar. Algumas já sentiram isso, mas nessa hora, bloqueiam achando que vão fazer xixi. Não é urina, é ejaculação mesmo. É igual ao homem, quando eles estão muito excitados, antes de ejacular, liberam um liquidozinho, o semigozo (por acaso, meninas, não pensem que não engravida, pois, apesar de ralinho, aquilo é to-ma-do de espermatozóides) que se compara a quando estamos molhadas, entretanto, eles gozam, não gozam? Somos iguais. Mas enfim, eu dizia que quando sinto esse calafrio é porque sei que não restará pedra sobre pedra, meus gemidos a partir dali denunciavam isso. E essa sensação de quase êxtase ocorreu quando me senti tomada, ânus e vagina, por uma dupla penetração, enquanto o outro rapagão se postava à minha frente de mastro ereto, lindo, sem falhas e com uns vinte e um centímetros, o qual eu abocanhava até a base. Eles pouco se importavam com a sujeira ou o sangue, o tipo de homem que gosto: sem frescura; eu havia acertado na mosca em atiçá-los.

Eu tinha razão, não tardou e tive um orgasmo naquele vai vem de dois caralhos (ai, prometi a mim mesma que perderia a mania prostíbula de falar palavrões que adquiri quando trabalhei para Margot). Jorrei, espirrei no corpo dos rapazes, que urravam de prazer em ver a cena. Fico tão fora de si quando acontece, que entro em alfa. Paulão, que me fez ejacular assim certa vez, disse que eu me tremia muito, que parecia até um ataque de convulsão. Ele precisou nos filmar para que eu acreditasse (confesso: fiquei perplexa por me ver daquele jeito). Mas eles berravam. Os homens são os maiores egoístas com o prazer. Querem gozar a todo custo. Se um deles lhe disser que prefere vê-la gozando, não acredite, pois é puro egoísmo, só fazem isso para o bel-prazer, pois ficam exasperados, enlouquecidos e enfurecidos de tesão quando nos veem chegando ao ápice, além de exacerbar o orgulho contido de que são capazes de dar prazer, coisa instintivamente e exclusivamente feminina.

Bom, os rapazes ainda estavam fora de si e se masturbando. Busquei um copo e ajoelhei no meio dos três, chupando um a um. Usei o truque que uma das meninas de Margot me ensinou, de friccionar a língua atrás da glande do pênis. Sandra sabia das coisas, porque, logo, logo, os três espirraram no copinho. E eu, claro, degluti todo aquele néctar. Não se tratava apenas de uma das fantasias que eu sempre quis realizar, beber no copinho, mas sei lá, me bateu uma coisa meio mãe. Afinal, ali poderia ter tantos futuros médicos, arquitetos, engenheiros, pintores, atores, que não tive coragem de matá-los! Ai, ai, ai...só eu mesma para gargalhar sozinha das coisas que digo.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

O Chamamento do Relógio Biológico

Hoje bateu-me uma nostalgia. Não do passado mas dum futuro improvável. Enquanto fui deitar no lixo o saldo deste mês de pensos higiénicos sujos, imaginei-me mãe. Imaginei-me grande, imensa, de blusa azul por cima duma barriga redonda. Imaginei-me de peito farto a prometer leite. Imaginei-me a sair orgulhosa para a rua empurrando um carrinho de bebé, passear pelo bairro, dar uma volta no parque. O sol brilharia, porque o sol brilha sempre nas cenas idílicas de maternidade. E eu feliz! E o meu bebé lindo, o mais lindo de muitos quilómetros ao redor! Seria uma menina. Não, um rapaz! Melhor ainda, um casalinho de gémeos, um menino e uma menina, sorridentes e lindos! O carrinho tinha que ser duplo, sendo assim...
Fechei a tampa do contentor por cima da minha gravidez adiada em forma de pensos ensanguentados e enrolados em pequenas tiras de plástico coloridas. Sorri. Acho que é a isto que chamam o relógio biológico.
Voltei para casa. Enquanto subia a escada em caracol cruzei-me com três vizinhos novos que não conheço: Três rapagões bem alimentados, estudantes, que dividem o apartamento. "São lindos os três" - pensei - "E devem ser inteligentes porque estudam medicina. Caramba, não é qualquer merdas que entra em medicina..."
Ensaiei um bom-dia sonoro e sorridente e obtive resposta entusiasta. Não foi preciso mais. Abri a porta do meu T2 e franqueei-lhes a entrada:
- Quero que vocês me façam um filho, agora!
Eles entraram.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Oriente

Estou super feliz. Era tudo falso alarme e o chocolate e o sorvete não passaram daquelas guloseimas que acabamos por associar a estranhos desejos de gravidez. Anteontem acordei menstruada e acabaram-se-me os temores. Levantei-me um pouco cambaleante fui tomar um valente banho. Aprimorei-me, disfarcei as olheiras que estes dias “difíceis” sempre me provocam, tomei o pequeno-almoço calmamente e saí para fazer compras. Os saldos começaram há pouco e não é que o dinheiro abunde no meu pequeno porta-moedas mas ainda vai dando para algum devaneio. Não fosse o rendimento do meu trabalho com Margot ser quase todo para pagar a dívida da minha mãe (que, coitada, ainda continua internada mais para lá do que para cá) que outro galo cantaria. Nunca pensei em me tornar prostituta mas, os proventos com esta experiência como acompanhante de luxo têm-me dado um pouco a volta à cabeça. No entanto foi esta vida que fez a minha amada Clarisse se afastar da minha e de ter deixado de receber aqueles SMS ternos e insinuantes de Miguel. O Sr. Jerónimo (ah nunca vos disse? A nossa relação tornou-se muito formal, visita-me Chez Margot, é um cliente como qualquer outro, trato-o por senhor e a mulher dele nunca mais nos apareceu. Normalmente temos sexo em hotéis de luxo com direito a champanhe. Continua com os seus devaneios de me regar e lamber o champanhe gelado sobre o meu corpo, de ser louco por sexo anal com alguns laivos sado-masoquistas e fingimos que nunca nos tínhamos conhecido antes), dizia eu o Sr. Jerónimo desapareceu enquanto ex-chefe de escritório, Alex escreveu-me uma carta muito dura que entendi como que um corte de relações e Paulão é assim uma espécie de guarda costas de Margot. Mas ontem, já passada do primeiro impacto do período, telefonei ao Augusto. Surprise! O Augusto vive há dois anos em Tóquio e, pura coincidência, tinha acabado de chegar. Veio de imediato visitar-me e ofereceu-me um luxuoso kimono de seda (provavelmente comprado para outra). Se eu soubesse tocar shamisen e cantar musica tradicional seria a sua gueixa. Rimos muito com estas conversas e Augusto propôs-me antes que eu fosse a sua puta. Rimos de novo. Vesti o kimono, que me assentava lindamente, e deitei-me sobre o seu colo. Enquanto Augusto me acariciava os seios chupei-o como, diz ele, só eu o sei fazer. Veio-se na minha boca e outras lembranças se lhe vieram à memória: Vamos tomar um sorvete? Acabamos rindo à gargalhada.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Melancolia

Hoje estava a olhar a rua pela janela do meu quarto.
Lembrei-me de quando ficava a espiar Clarisse e de quando conheci Miguel.
Antes deles as minhas saídas para dançar à noite, que invariavelmente acabava na cama com alguém que me arrebatava. Sempre me arrebatava. Talvez eu tenha o dom de saber quem é bom nisso, ou simplesmente eu tenha prazer em ter prazer, seja como for.
Mas hoje, justo hoje, bate-me a melancolia.
Talvez porque minhas regras não venham, talvez porque faz uma semana que sequer falo com Clarisse, talvez porque nem falo mais com Paulão, talvez porque a única que me escuta seja Margot, aquela velha nojenta.
Ou talvez, nem sei, porque essa Margot liberou-me das minhas obrigações, quase com ar maternal.
Sinto aquela melancolia de alguém que sente falta de algo, muito mais do que o prazer.
Já comi uma caixa de chocolates e penso em ir a pastelaria comer uns doces.
Pensando nisso, lembrei-me de quando comprei um pote de sorvete de creme. Era Augusto, acho que era ele...
Tão certinho ele...
E eu nua na cama tomando o sorvete... Ele tomou-me das mãos e só olhando-me nos olhos espalhou o sorvete até meu umbigo. E lambeu-me toda, delicadamente.
Mas o umbigo era só uma pequena parada. Sorvete onde é quente é de arrepiar e é... excitante. Principalmente com aquela língua a lamber tudo.
Hummm...
Acho que vou ligar para o Augusto.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Asco e Pena

Fiquei absorta em pensamentos, visualizando o que acabara de acontecer. Clarisse ainda chorava, baixinho, mas em soluço palpitante, como se sua honra tivesse sido levada pela bengala.

Vendo a cena, uma mescla de sentimentos me invadiu, tive asco e pena de Clarisse. E a tal mescla me invadiu como invade uma dor de cabeça branda, que vai te consumindo até levar à loucura, pensando apenas na maldita dor.

Resolvi acolhê-la. E enquanto ela chorava agarrada em mim, sem querer explicações ou se explicar, senti um quê de repulsa: afinal, uma grande frescura chorar por aquilo. Poxa, também acontecera comigo e eu não fiquei daquele jeito. Foi então que entendi a dó que sentia, em meus próprios devaneios, com as lágrimas de Clarisse molhando meu pescoço, que ela não chorava por ter sido, sei lá, estuprada por uma bengala. Mas por ter se submetido àquela situação. Tentei lembrar da primeira vez em que me sujeitei a algo sórdido assim, mas não consegui.

Voltei a mim e enxuguei as lágrimas de minha amiga. Olhei sua íris mel, entrelacei meus dedos em seus cabelos castanhos, cheirei sua orelha, seu pescoço, cheirei perto de sua boca e a beijei. Beijei-a por tanto tempo que minha alma saiu do corpo. De um ósculo tão calmo e arrebatador, que não preocupei em tateá-la sexualmente, e assim também foi Clarisse. Senti suas mãos agonizantes e gélidas de aflição, de choro, virarem brasa, tocando meu rosto, minha nuca, meus cabelos. Foi a primeira vez na vida que senti um tesão tão estranho. Eu estava completamente molhada àquela altura, mas não senti chegar a tal ponto. Acho que foi um dos melhores beijos que tive.

Clarisse parou de me beijar. Fitou-me. Sorriu e passou a mão em minha barriga, subindo dedo após dedo em busca de minhas auréolas, por baixo da camiseta. Alcançou o que queríamos, e ainda, sem deixar de me encarar, começou a massagear meus seios. Então, só após colar seus lábios nos meus em selos e mordiscadas provocantes, sem cessar a massagem erótica, me beijou. E desta vez nos beijamos com força, com volúpia: puxávamos-nos pelos cabelos; minhas mãos passeavam em seus seios, e, de quando em quando, em seu clitóris, por dentro da calça; as mãos dela em meu rosto, seus dedos em minha boca, em meus seios, com o indicador e o polegar esmagando meus mamilos...não estávamos lúcidas, definitivamente não estávamos. Nossa libido nos entorpecera.

Ela perguntou onde estava meu rabbit. Respondi que estava no armário do banheiro, na última gaveta, e enquanto ela foi buscar, tirei a calça e me masturbei. Eu, que já sentia um fulgor desde a bengala do velho imbecil e molhada com o beijo apaixonante dos lábios carnudos de Clarisse, via as partes internas das minhas coxas inundadas de mim mesma. E Clarisse adorava aquilo. Fez que me beijaria, sorriu marotamente e abaixou a cabeça entre minhas pernas, lambendo minhas coxas onde quer que houvesse meu gozo. Passeou com a língua em meus grandes lábios – me penetrou assim – e subiu habilmente com a língua para o clitóris, concomitantemente introduzindo devagar o vibrador em mim. Começou um movimento compassado entre sua língua e as estocadas que me dava. Nessa hora jurei para mim mesma: não fosse o cheiro de homem que me deixa louca, virava lésbica de uma vez por todas!

Sem mais me conter, puxei Clarisse pelo cabelo, nos beijamos e em desespero e exaspero arranquei fora sua calça! Nos encaixamos, fizemos sabonetinho. Seus gemidos pareciam com os de penetrações... Que tesão sentíamos, que tesão! Saí da posição e tomei o rabbit em minhas mãos. Sorri para ela, mas não fui correspondida. Clarisse ficou séria, mas não me importei, nem lembro o que pensei na hora e continue olhando-a, enquanto ela me mirava com um ar de receio. Comecei a esfregar o consolo em seu umbigo e fui descendo, com ela encolhendo sua barriga a cada toque da ponta do rabbit, coisa estranha, pensei, parecia estar aflita. Desci mais um pouco, desci até chegar à entrada de sua vagina. Clarisse arregalou os olhos e eu então empurrei o vibrador de uma vez nela. Recebi um tapa de mão cheia de Clarisse na cara na mesma hora, que se levantou, vestiu o jeans correndo e saiu chorando, batendo porta afora.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Bater no Fundo

Clarisse estava quase a chegar. Fez-se convidada e eu não tive coragem de lhe dizer que não. Para mim, a Clarisse já não é novidade. Mas enfim, com o pretexto de querer apoiar-me neste momento difícil em que a minha mãe se encontra internada devido a um acidente, tive que aceitar a vinda dela.
Já fomos visitar a minha mãe, triste espectáculo! Semi-inconsciente, deitada numa cama de hospital, ligada como uma múmia, nem assim deixa de atirar piropos ordinários a enfermeiros e médicos. Sempre que pode apalpa-os com a única mão que não está partida: a direita. Depois põe a língua para fora rola-a , fazendo-lhes propostas obscenas com um semblante demoníaco. Acho que só agora percebi que sou uma espécie de Rosemary’s Baby. E peço a todas as divindades e seres do inferno que me levem antes de fazer as cenas que a minha mãe faz dia após dia no hospital. Dizem os médicos que corre perigo de vida. Eu duvido. Acho que nem Deus nem o Diabo vão querer ver-se com ela tão cedo.
Chegámos a casa e eu estava arrasada. Passar por isto custa! É difícil constatar o que somos, esgota-nos a alma!
Estava nestes pensamentos quando o telefone tocou. Era Margot, anunciando que vinha a caminho um cliente especial com gostos especiais. Agora? Mesmo agora? – perguntei – Estou estafada, não dá para ser amanhã? Margot riu como quem me explicava que puta não tem escolha. E de seguida tocou a campainha.
Fui abrir. Era um velho com idade para ser, não meu avô, mas sim avô do meu avô, se tal fosse possível. Perguntei a mim mesma o que faria ele ali. Mas não tive muito tempo para esperar pela resposta. Apoiando-se na bengala e arrastando lentamente a perna, ele entrou e anunciou que já tinha pago a Margot e agora vinha servir-se. Nesse mesmo instante entrou Clarisse que, sem saber do que se passava, ficou com um ponto de interrogação na cara a olhar para mim. Fiz-lhe sinal para que não dissesse nada e ela percebeu.
- Tirem as cuecas – ordenou o velho. Eu obedeci de imediato e Clarisse, após uns segundos, imitou-me. Como ambas estávamos de jeans, ficámos na pouco confortável posição de estar vestida apenas da cintura para cima.
- Agora dêem-mas – ordenou o velho escarro – e ponham-se de joelhos em cima do sofá, de costas para mim.
Foi o que fizemos. O velho aproximou a cadeira do sofá onde estávamos e, sem dizer uma palavra, enterrou a bengala imunda no meu rabo. Eu gritei com a dor do atrito e ele enterrou mais ainda, enquanto dava gargalhadas fininhas de bruxa. A seguir, tirou a bengala dum só golpe e enfiou-a no rabo de Clarisse, que também gritou. Ele ordenou que nos beijássemos com língua e foi alternando a bengala, ora no meu rabo, ora no de Clarisse, enquanto cheirava e lambia as nossas cuecas sujas. Ao mesmo tempo, gemia como um pequeno gremlin nojento.
Talvez meia hora depois deu-se por satisfeito e mandou-nos vestir como se de repente tivesse ficado com nojo de nós. Ajeitou-se e saiu, sempre apoiando-se na bengala de madeira. Clarisse chorava baixinho sentada no sofá, enquanto jurava que nunca mais queria nada comigo nem com as minhas confusões. Eu, estranhamente, apesar de dorida e humilhada, sentia-me excitada e não parava de pensar naquela bengala velha, dura e encardida.
Ao sair, ainda ouvimos o velho dizer qualquer coisa como:
- Margot é aquela amiga! Prometeu uma mas arranjou duas! É aquela amiga!

sábado, 27 de junho de 2009

Post de uma morte anunciada

Conheci o Vítor e a Mirian quase ao mesmo tempo e ambos por acaso. Gostei de alguns posts que li nos blogs que escrevem e acabamos trocando e-mails. Por acaso também acabei sabendo que Vitor e Mirian eram (e são) amigos. Conversa puxa conversa e às tantas já eles estavam conhecendo demais a minha atribulada vida sexual. Convenceram-me então a escrever um blog e, parecendo que foi ontem, desde então tanta coisa já aconteceu na minha vida. Reparo agora que já estou a escrever o meu 41º post e nunca vos falei de certas pessoas de quem gosto muito. Aos poucos, Vitor e Mirian foram trazendo para a nossa roda de amigos outras pessoas. Uma delas a Rosarinho que com o tempo viríamos a constatar que era já uma frequentadora de minha casa em Angola Nunca consegui confirmar se teve algo com Alex mas o à vontade que demonstrou a convencê-lo a contar-me tudo sobre a minha mãe deixa-me com a pulga atrás da orelha. Infelizmente não é um Almodôvar mas daria para eu escrever mais de um livro, principalmente depois que descobri os diários dela. Depois veio Fernando. Fernando é fino. Vive entre o Brasil e Portugal conhece tudo quanto é antro de perdição e (desconfio porque ele nunca me confirmou) que é co-proprietário de alguns dos mais luxuosos prostíbulos da península ibérica. E é por inteira responsabilidade dele que me vi caída na vida. Sempre fiz sexo por amor e, apesar de ter conseguido o trato de que pagaria as dívidas da minha mãe (graças à intervenção de Mirian que é uma excelente negociadora e amicíssima de Fernando. Aliás Margot ficou doida com o acordo e ameaçou mesmo deixar Fernando na mão), como e com quem eu quisesse, excepção feita a ter de ter relações com José sem me poder mijar a rir, acabo por ter de atender alguns sujeitos que me levam quase ao vómito. No entanto são pessoas de dinheiro, clientes do Fernando a quem eu não quero defraudar e portanto, como diz o nosso povo, a ocasião faz o ladrão. No entanto Fernando é boa pessoa, apesar de para ele trabalho ser trabalho e conhaque ser conhaque. E é uma pessoa corajosa. Quando ontem depois de me ter satisfeito com Paulão, com quem acabo quase todas as noites, iamos a abandonar o puti-clube foi Fernando que me deu a chocante notícia que de que minha mãe tinha tido um grave acidente de viação e estava às portas da morte. Será que se ela falecer eu vou ver este contrato rescindido? Reze por mim Mirian e quem sabe a gente um dia se encontre…

PS. Depois de ter escrito o post telefonou-me Clarisse. Diz que vem passar uns dias comigo pois quer partilhar da minha dor. Rosarinho tu achas mesmo que é isso que Clarisse quer?

terça-feira, 23 de junho de 2009

De mãe para filha

Quando Margot abriu a portinhola para ver quem era só viu a mim e deixou-nos passar – eu e Paulão, para seu assombro. Ela quis questionar, mas pedi logo para falar com o tal do traficante, José. Aliás, era capaz dela mandar-me falar com qualquer um, dada a quantidade de Josés que havia por ali,
Sentamos na mesa eu, Margot e José. Paulão ficou a dois palmos de distância de mim, em pé, para constrangimento dos dois.
- Bom, mamãe contou-me da bela enrascada em que meteu-se com vocês. Aliás, que meteu-me...
- Presumo que ela tenha deixado bem claro as coisas. – disse José, reclinando a cadeira a olhar de soslaio para Paulão.
- Deixou, mas eu também vou deixar bem claro as minhas condições, uma vez que eu não sou moeda de troca.
- Não existe condições, menina. – disse debochadamente Margot, ao mesmo tempo que acendia um cigarro fedido. Odeio cigarros. Paulão sabe e tirou o cigarro da boca de Margot e apagou-o debaixo do seu enorme sapato diante do olhar bestificado dela que não disse mais nada.
- Qual é o trato? – quis saber José, olhando ao redor, talvez procurando seus comparsas.
- Eu pago o que mamãe deve com meus serviços, sim. Mas quando eu quiser, com quem eu quiser.
- Ei! Isso pode demorar anos! – reclamou Margot estridente.
- Ou não... – riu Paulão, às minhas costas, cinicamente, deixando os dois a pensar.
José reclina novamente a cadeira a olhar diretamente para mim, a avaliar o "produto".
- Eu aceito. – disse ele.
- Se ele aceita... – e deu de ombros a tal mulherzinha, aceitando o trato – Quando começa?
- Talvez hoje... – disse eu, lentamente, a avaliar o ambiente e os possíveis clientes que bebiam nas mesas ao redor de uma acanhada pista de dança onde dançavam outras prostitutas que se promoviam.
- Esteja à vontade. – disse, num escárnio, José que já se preparava para levantar-se.
- Não quer ser o primeiro? – levantado-me e achegando-me a ele sob a supervisão atenta de Paulão que sabia que jamais alguém iria me dar prazer como ele.
Vou poupar os leitores das cenas ridículas que antecederam ao meu gozo.
Sim, porque ver o pífio pênis de José era, finalmente, ter idéia do que era ejaculação precoce. O ruim era não poder nem ao menos rir daquilo.
Ele, como sabia o material que tinha e o produto que tinha em mãos, esforçou-se o mais que pode para mostrar-se "o macho".
Quanto a mim, portei-me como uma prostituta – fiz o serviço sem qualquer paixão, mesmo porque nem dava diante... "daquilo".
Mas... ficou aquela imensa curiosidade: como seria o próximo?
Daí em diante aquilo virou um vício. Principalmente porque a noite eu encerrava com Paulão, para a agonia de todas as outras que o queriam e ele era só para mim, que me arrancava gritos de prazer. E isso, era o prazer dos prazeres...

sexta-feira, 19 de junho de 2009

A Revelação II

Afinal de contas, o que minha mãe fazia com Paulão? Ela o conhecia? Foi então que em segundos, lembrei de uma frase bem peculiar que Alex me contara: “Traiu o teu pai com praticamente toda a gente na cidade”.

Fiz Paulão e minha mãe entrarem. E enquanto ela começava a fazer rodeios, contando sobre como chegara à cidade et cetera – minha mãe sempre foi muito prolixa – eu a deixei conversando com meu eu físico. Em pensamento, divagava naquela mulher que sempre posou de santa, mas poderia se tratar de uma dama da noite que nunca cobrou pelos serviços prestados. O blá-blá-blá dela continuava comigo respondendo em monossílabos. Estalou algo em minha mente: se o que Alex me contou fosse crível, eu seria filha de um pedacinho de cada homem que passou na vida da minha mãe. Que sensação esquisita. Mas quer saber o mais irônico? Não senti nojo. Sei lá, me acalentava saber que minha personalidade multifacetada vinha de toda essa energia mesclada. Mas a hipocrisia dela, bem, essa era imperdoável.

Pela cumplicidade de ambos (aquela que só se adquire com muito tempo) e pelo jeito que ela e Paulão se olhavam, não duvido ser um pouco filha dele também, o homem que mais recentemente me fodera. Resolvi tirar a limpo a história e a interrompi nem sei em que parte, acho que falava do calor infernal da cidade; indaguei se era verdade tudo o que Alex me revelara.

- Maldito Alex! Bom...minha filha, sua mãe já não tem mais idade para te esconder as coisas. Tenho vergonha, mas é verdade, sim!
- ...
- Janette, por favor, não chore. Não chore, minha filha...
- Não chore? Não chore? É simples dizer isso, não é?
- Mas minha filha...
- Mãe, você sabe quanto tempo passei, me culpando por ser assim? Você criticava até uma simples cena sexual de filme! Quanta demagogia!
- Mas Janette, o que queria que eu fizesse? Estava agindo como mãe, oras! Não queria que te tornasse o que eu era...
- E quando contei que perdi a virgindade?
- Mas você perdeu sua virgindade com doze anos!
- Também, pudera, com a mãe que tenho...a senhora deu até para o padre!
- Janette, olha a boca! Ainda sou sua mãe!
- ...
- Ô, minha filha, vem cá...

Nos abraçamos em prantos. E Paulão, acompanhando a tudo, parecia se sentir meio deslocado. Quando paramos de chorar, minha tristeza havia passado, aliás, uma das únicas vantagens do choro. Voltei a mim e percebi que Paulão ainda estava ali, parado e intocado. Meu desejo por ele tornou a acender. Mamãe percebeu e arranjou uma retirada estratégica, disse que precisava tomar banho. Providenciei uma toalhas e sabonete novo. E assim que ela trancou a porta do banheiro, arranquei fora as calças de Paulão. Entretanto, raio de gilete nova! Minha vagina não podia nem pensar naquele pênis magnífico que ele tinha! Logo, decidi chupá-lo. Sugava a glande com pressão, babava todo o mastro, deixando-o liso, liso e vez ou outra colocava uma das bolas na boca. Ele não entendia por que não podia me lamber e eu dissimulei, disse que apenas eu naquele dia tinha direito àquilo. Nessa toada, Paulão não tardou ter um orgasmo e eu, concomitantemente me masturbando – tocando só o clitóris para não ferir ainda mais a minha bichinha – gozei junto com ele; e bebi cada mililitro do seu esperma. Ele me levantou pelos cabelos e pressenti que iria me foder a força. Se isso acontecesse, aí, sim, seria uma Janette desvaginada. Então, bem sorrateira, falei para ele pôr em outro lugar. Paulão nem titubeou, e com o membro ainda pingando, empurrou no meu ânus.

A essa hora, mamãe já devia ter virado um maracujá de gaveta, tanto tempo estava embaixo do chuveiro. Desligou a ducha enfim, como se desse um sinal para pararmos o que fazíamos. Tudo bem, eu havia gozado novamente e Paulão dava sinais de que não chegaria ao ápice, já que seu pênis começara a perder o vigor. Vestimos-nos antes que ela abrisse a porta do banheiro, mas não deu para disfarçar o cheiro de sexo... Ela nos olhou com um sorriso um tanto maroto e eu retribuí. Mamãe sentou de toalha na cama, calada. Pensei em perguntar de onde ambos se conheciam. Foi quando começou a chorar. Disse em soluços que viera atrás de mim, pois precisava de um favor que só uma filha poderia fazer. Arrepiei quando disse isso, coisa boa não viria. Começou a contextualizar com uma história longa (prolixa, como sempre) até revelar o que queria de mim. Mamãe se metera em uma grande confusão com uma cafetina chamada Margot e alguns traficantes. Devia-lhes uma quantia impagável. E para quitar o que devia, ofereceu meus préstimos para que eu trabalhasse em sua pensão. Ainda estou em desespero, sem saber o que fazer. Ou viro prostituta a deleite dos traficantes e de outros ou matam mamãe.

sábado, 13 de junho de 2009

A Maior Surpresa

Como não podia deixar de ser, porque todas as mulheres o fazem, fáceis ou difíceis, fingi estar desinteressada numa primeira abordagem:
- Sim... E então?...
- Vou aí a casa.
E desligou.
"Só me faltava esta" - pensei - "Um tipo que acha que não tem que se dar ao trabalho de me convencer!"
Na verdade, nas circunstâncias em que me conheceu, haveria espaço para achar que tinha?

Mas este período de reflexão durou pouco. Logo de seguida, feita louca, levantei-me do sofá e fui tomar banho, veloz como um raio. Queria estar impecável para Paulão. Não tenho remédio.
Usei o meu sabonete especial, cheiroso de chocolate, e a minha loção que deixa a pele macia. Decidi depilar as virilhas e talvez um pouco mais, há alguns dias que não o fazia. E em boa verdade, só nos filmes e nos romances é que as mulheres estão sempre prontas para um momento de intimidade, não na vida real. Estar em condições para um close-up é como estar pronta para ir à praia. Requer muito trabalho, tempo e estudo da situação.
Estava nestes pensamentos quando senti uma dor lancinante que me interrompeu o fio do raciocínio e me trespassou as entranhas. Olhei para baixo e vi um fio de sangue que descia pelas minhas pernas e seguia como um pequeno riacho para o ralo da banheira. Azar dos azares! Tinha-me cortado! E logo naquela parte que tinha que estar fresca e bela e sorridente. Merda! Esqueci-me que tinha posto uma lâmina nova no dia anterior e não tive aquele cuidado que se deve ter com uma lâmina nova. Merda!
Saí da banheira com uma toalha entre as pernas e fui fazer o curativo, com Betadine e um penso higiénico. Senti-me a mulherzinha mais estúpida do mundo! Estava de pernas abertas sentada na cama e olhei para o espelho em frente, no toucador. Bonita figura Janette!
Ainda tinha o cabelo molhado quando alguém tocou a campainha. Merda mais uma vez! Era Paulão! Aquele homem que eu queria com mais fervor do que um incêndio de grandes proporções quer um helicóptero da protecção civil estava ali, a alguns metros de distância, e eu de penso higiénico e com a dita pintada de castanho acobreado! A campainha tocou mais uma vez. Eu vacilei. Abro? Não abro? E se não abrir? Perco para sempre a hipótese de repetir a dose de Pau... do Paulão? Não!!! É mau demais!
Decidi-me. Tirei o roupão e fiquei só de cuecas, que embora pouco sexy devido à situação, não estragavam o retrato na globalidade. O cabelo molhado até me conferia um aspecto sensual de postal ilustrado, porque não? Ia abrir a porta sim, e iria induzir Paulão para todo o tipo de sexo menos o vaginal. Afinal de contas há tantas hipóteses interessantes!... Sorri ao imaginar duas ou três cenas possíveis. A campainha tocou de novo. Eu corri para a porta e abri, sorridente, quase nua.
Numa fracção de segundo, gelei. Fiquei imóvel, segurando a maçaneta da porta. Do outro lado estava Paulão sim, mas acompanhado... pela minha mãe... tão imóvel e assustada quanto eu.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Histórias de anjos e barcos

1.

Foram um pouco demais as últimas emoções. Não queria ver nem ouvir ninguém, isolei-me. Não estava com vontade de sexo mas da cabeça não me saia Paulo. Quando, naquele dia, eu saí do banho, tratei-o por Paulão e ele abriu os seus alvíssimos dentes, por entre os lábios roxos e carnudos, no mais lindo sorriso do mundo. Ainda como se tudo me tivesse deixado em estado zen, não desliguei o telemóvel mas não atendi telefonemas. O único que atenderia seria o de Paulão mas ele não ligou.

2.

Fiz uma pequena retrospectiva do que estava a ser a minha vida. Não voltaria ao escritório nem que Jerónimo se pintasse, não estava a tempo de regressar à faculdade, tinha rompido com Miguel que agora namorava Clarisse, o que me dava uma enorme vontade de rir pois Clarisse é minha amante. Penso constantemente em Alex, sonho com a Ilha do Mel e com Ari e Iara e não consigo esquecer aquele obelisco que recebi dentro de mim em pleno parque do Obelisco. Vivo como se estivesse num limbo, vejo e revejo a minha vida mas só Paulão a preenche.

3.

Sentei-me em frente à televisão para descontrair mas acto contínuo, adormeci. Infelizmente o sono foi curto. Felizmente o sono foi curto. Era Paulão quando eu estava com Paulão. Tinha iniciado o sonho segundos antes. Paulão entrava envolto em uma nuvem branca de vapor, como ébano em algodão. Umas asas enormes de anjo e vários anjos à sua volta, bem mais pequenos, completavam o cenário. Iara, Sandrinha, Carlão, Iris, todos da Ilha, Margarida, a hospedeira de bordo, o moço do Obelisco, Alex e Ari, Miguel e Clarisse, Jerónimo e Rita. Eram como que uma guarda de honra, mas só Paulão sorria. Todos nus, todos sem sexo. Só o sexo de Paulão duro e erecto, como se fosse o mastro de proa de um galeão quinhentista se distinguia. Pegou-me e vendou-me os olhos. Segredou-me de que mais um minuto a olhar os anjos, cegaria. E os anjos fizeram a festa. O meu corpo foi envolto e acariciado por dezenas de mãos. Nem um centímetro quadrado de pele foi deixado para trás. Os meus seios entumeceram, a minha vagina humedeceu, os meus lábios incharam, o meu clitóris palpitou e, enquanto me segurava sentada numa anca e a outra mão na roda do leme Paulão dirigiu o “galeão”. E navegamos, voando. Ancoramos na maior nuvem do quarto, Paulão colocou-me de bruços e introduziu-me o mastro, de uma vez só pelo ânus acima. Os anjos continuavam a acariciar-me e a anja-clarisse lambeu-me uma lágrima que me deslizava pelo rosto. Embora de olhos vendados tive a certeza de que, nesse momento, a anja-rita, toda vestida de negro, sorriu.

O telefone tocou. Era Paulão mas eu ainda estava nas nuvens.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Cheiro Bom

Fiquei a pensar, deitada no chão daquele hotel, enquanto os dois se banhavam e gemiam no quarto de banho, que afinal aquilo não era castigo – tinha sido um prazer.
Foi então que, esquecendo-se completamente de mim, ou fazendo parte do maldito castigo, Rita joga as chaves das algemas sobre a cama, bem longe do meu alcance e os dois vão-se embora!
Fico ali, presa àquela mesa pesada, esticando-me toda e sem poder alcançar nem mesmo o telefone para pedir ajuda!
Pensei em gritar, afinal isso funcionou e a recepção do hotel veio logo acalmar nosso fogo, não foi mesmo?
Entretanto, antes mesmo que pudesse fazer isso a porta abriu e um homem gigantesco entrou.
- Disseram que precisavam de um homem forte aqui... – disse ele em tom de desculpas, ao mesmo tempo que me engolia com os olhos, ao ver-me nua e numa posição que acredito ainda não foi experimentada pelos acrobatas do Cirque de Soleil, na tentativa de alcançar as chaves – Precisa de ajuda?
Tentei me recompor ao máximo, o que significava fazer de conta que estava a adorar aquilo.
Ele pegou as chaves e foi até o meu tornozelo abrir as algemas.
Aproximou-se cada vez mais, como se não estivesse conseguindo abrir as tais.
- A dona cheira bem... – disse ele, acariciando as minhas pernas e cheirando-as até chegar à minha púbis. – Cheira tão bem...
Nessa altura, eu já estava livre das algemas, mas não livre das manoplas daquele gigante.
Suas mãos seguraram as minhas nádegas e com força. Pensei que seria partida em duas, literalmente!
Colocou-me sobre a mesa e, sem delongas, colocou para fora o maior sexo que eu já vi na minha vida!
Rita havia se superado em seu castigo. Fiquei completamente sem voz. E apesar de estar excitadíssima, aquilo era realmente assustador.
Ele me penetrou lentamente, como se tivesse consciência do poder que tinha em mãos, mas tão logo se viu inteiro em mim, estocava cada vez mais rápido e forte, enquanto com suas mãos abria as minhas nádegas e um de seus enormes dedos me forçava por trás.
Eu nem sei se gritei ou não. Sei que gozei junto com aquele homem, que nem chegou a tirar a roupa de trabalho.
Ainda sem se retirar de mim, e eu agarrada a ele, carregou-me para a casa de banho, onde aí sim, senti o enorme vazio e o nosso gozo escorrer pelas minhas pernas.
Ele abriu a duche e ficou a olhar-me no banho, como se eu fosse a coisa mais linda.
- Cheira tão bem...
E o nome dele é Paulo...

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Provei e gostei

Depois daquele afago, comecei a sentir meu corpo em ebulição. Imaginar o que me aguardava me ardia um certo exaspero, aflição, tesão, vontade de gritar, tudo junto. E algo de louco e delicioso era conter tudo isso...

Pois bem. De olhos vendados, ouvi os barulhos dos saltos batendo nos tacos do chão ficarem mais próximos. A sensação de alguém se esgueirando entre as minhas pernas me dava calafrio. Rita me apalpou e suas mãos pareciam delicadas. Em contrapartida, disfarçavam a falta de sutileza – que amo – me empurrando com uma delas para o encosto da cadeira de boudoir e com a outra, separando minhas coxas. Senti seu respirar quente na nuca descer ofegante pelo meu pescoço, queixo, seios até repousar no umbigo. Sua língua era quente, e, de leves tatos, levava seu rosto contra minha barriga. Aquilo me deixou úmida, gostava de imaginar outra mulher me tocando que não fosse Clarisse, e, concomitantemente, me excitava lembrar que ela poderia ter o toque mágico dos lábios de Clarisse me sugando naquele banho inesquecível.

Repentinamente, um safanão me estatelou a face esquerda. Foi o que bastou para Clarisse se esvair dos meus pensamentos. Filha da puta!, foi o que praguejei na hora. Sabe como é levar uma bofetada estando vendada e com tesão? É um susto incomparável! Mas fez minha adrenalina subir, foi estranho, mas gostei daquilo.

Logo em seguida, Rita me agarrou os cabelos e me beijou a boca de forma tão voraz, que senti o sangue em meus lábios. Eu não ouvia a voz de Jerônimo e nenhum outro som de movimento que acusasse que ele estivesse por perto. Ou se estava, não hesitou em deixar sua mulher me surrar. Escutei um barulho similar a algo com tiras ou coisa que valha chapar o chão. Uma, duas, três vezes. E o barulho me deixava cada vez mais libidinosa, encharcada, a ponto de sentir o assento molhado entre minhas pernas. Outro safanão levei, desta vez na face direita. Xinguei, e Rita, que até então não replicava nada do que eu falasse, resolveu romper o auto-silêncio já atrás cadeira, me erguendo pelo cabelos para que eu ficasse de pé. “Se você é acostumada a levar a surra de pau que Jerônimo lhe dá, Janette, aguentar esse chicotinho não há de ser nada demais, não é?!”. Me empurrou de costas contra a parede, me deixando as pernas bem abertas – uma delas ainda estava algemada na maldita mesa. Rita tirou minha venda e disse que fazia aquilo para que pudesse contemplar minhas feições de dor. Disse sem muita crença, demonstrando um certo encantamento a toda chicotada que me arregaçava as costas e os quadris.

Em um canto recluso do quarto, Jerônimo se tocava por cima da calça. E pôs para fora quando Rita parou de me açoitar, colando o corpo dela ao meu. Passeava uma mão em meus seios, em minhas costas enquanto a outra tocava meu clitóris, sem largar o chicote. Eu pingava de tesão, queria muito ser penetrada, queria muito chegar ao clímax. E aconteceu. Rita enfiou o dedo em minha boca retirando-o todo babado e começou a tateá-lo no meu ânus. E enquanto fazia movimentos circulares por ali, pegou o cabo do chicote e enterrou pouco a pouco em minha vagina, me fazendo gemer em masturbação e com minhas pernas trêmulas em câimbras, quase desfalecendo.

Não obstante a vontade inicial de Rita em me arrebentar por ser, não sua amante, mas concorrente (sim, o canalha do Jerônimo valia uma competição), a pervertida começara a se afeiçoar de verdade: “Quero ser chupada com vontade, me ouviu? Quero que faça comigo como faria com o puto do meu marido! Com vontade e paixão!”. Pegando pelos meus cabelos me beijou a boca novamente. Sugava minha língua como se fosse um pênis, me deixando em desatino. Jogou-me ao chão, quase me torcendo o tornozelo algemado. Ela pouco se preocupou com minha dor, pelo contrário; com destreza divina, se pôs em decúbito dorsal por cima do meu corpo enquanto deitada eu estava para que a lambesse, e gritava para eu cravar mais forte as unhas em suas costas. Cheguei a temer pela sua integridade física. Sim, confesso, aquilo me dava tesão. Tanto que cheguei a me sentir culpada por gostar de uma parafilia desse tipo, brutal, doente, irracional, sei lá.

Acontece que Jerônimo não aguentou a cena e veio ao nosso encontro. Botou na boca de Rita enquanto eu a deliciava. E quanto mais ela o chupava, mais ele estapeava sua cara. Cansou de ser chupado e partiu para o sexo anal, o qual eu tinha visão privilegiada, vista por baixo. Rita berrava e pedia para ele dar investidas cada vez mais fortes, enquanto as mãos ásperas em bofetadas de Jerônimo em seus quadris se faziam constantes. Aquilo, de longe, parecia ser minha maior perversão sexual. Meus sentidos estavam tão aguçados do gosto dela em meu paladar, com a cena de Jerônimo todo dentro dela, com os audíveis gemidos e berros de Rita, que meu ápice em orgasmo não tardou a chegar em voz balbuciada, corpo lânguido e jorrando em gozo, enquanto eu me masturbava. Eis que durante meu êxtase, bateram à porta. Era da recepção. Perversão nos quartos podia, mas creio que o barulho que fizemos não agradou muito aos hóspedes.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Uma Experiência Nova

Acordei revigorada, pronta para enfrentar o mundo. O duche da noite anterior tinha-me lavado o corpo e a alma. Decidi ir visitar Jerónimo, contar-lhe as minhas histórias de viagem e agradecer-lhe. Liguei-lhe, e combinámos encontrar-nos. Ele escolheu o local, que eu achei no mínimo bizarro: a zona de restauração do Centro Comercial Vasco da Gama. Mas talvez fosse eu que já não estava habituada aos hábitos de Portugal, porque isto é como tudo, a gente adapta-se depressa ao que nos sabe bem. Apareci na hora combinada e ele lá estava, sentado numa mesa redonda no meio da multidão. Sorri ao longe e acenei. Aproximei-me. Ele não estava sozinho. Ao seu lado estava uma senhora, de meia-idade, bem cuidada. Resumindo, uma tia. Fiquei naturalmente curiosa mas nada perguntei, pois tive a certeza que tudo me seria revelado imediatamente. Não me enganei.
- Olá Janette – disse Jerónimo estendendo-me a mão para um cumprimento cerimonioso - apresento-te a Rita… a minha mulher.
- Olá… muito prazer…- respondi um bocado desajeitada.
Nunca me tinha passado pela cabeça que Jerónimo fosse casado, mas na verdade também nunca me tinha passado pela cabeça que não fosse. Era-me indiferente. Mas o que quereria ele agora, apresentando-me a mulher?
Ele explicou tudo, enquanto ela, ao lado, ouvia em completo silêncio, como se o seu papel ali fosse apenas certificar-se de que ele diria o que ambos tinham combinado. Explicou que me tinha mandado embora para o Brasil porque a mulher tinha suspeitado de que ele a andava a trair. Que foi uma forma que encontrou de me afastar para arranjar uma solução. Que não queria deixar a mulher por nada na vida (a conversa do costume, ok). Que já depois de eu estar longe, ela o obrigou a confessar tudo sob pena de o deixar. Que ele confessou tudo. Que ela me quis conhecer.
- Caramba! – pensei – Para quê?!
Mas aí foi ela que explicou. Explicou que tinha ficado curiosa a meu respeito. Que queria ver com os seus próprios olhos a mulher que levou o marido a traí-la. Que, curiosamente, eu até nem era nada de especial.
- Olhe minha senhora! – levantei a voz ofendida – Não a conheço de lado nenhum! Não vamos partir para a estupidez, está bem?
Ela sorriu e continuou a olhar-me de alto a baixo como que a examinar-me:
- Claro que não, menina! Não se atrapalhe.
Ela olhou para ele, como que a passar a palavra. Ele continuou. Disse que tinha reservado um quarto ali mesmo ao lado no Tivoli e que iríamos para lá os três de seguida, para trocarmos ideias mais à vontade.
- Já percebi – pensei eu – estão a precisar de reacender a chama. Tudo bem! Isto é que vai ser diversão, primeiro como o marido, depois a mulher!
E fomos.
O quarto era num dos últimos andares, com vista para o Tejo. Mas não tive grandes hipóteses de admirar a paisagem. Assim que entrámos, ela tirou da malinha de mão um par de algemas forradas a pêlo sintético cor-de-rosa, que entregou ao marido. Ele pegou nelas e dirigiu-se a mim. Pediu-me que me despisse e começou a desabotoar-me o vestido. Eu colaborei, e em menos dum ai, estava nua. A seguir, deixei que ele me algemasse à perna duma mesa, sentada na cadeira do boudoir, e que me vendasse os olhos. A seguir, Jerónimo aproximou o rosto do meu e segredou-me ao ouvido:
- Janette, querida, desculpa-me. A Rita não abdica duma pequena vingança. Mas isto vai passar num instante e logo logo saímos daqui. Vai doer, mas só um bocadinho.
E passou-me a mão pelo cabelo, paternalista.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Pó e água

Tivemos uma longa conversa. Janette contou-me as suas aventuras por terras brasilis. Confesso que delirei, mas fiquei igualmente chocada com o que Alex lhe revelou. Bem sei que o mundo é uma caixinha de surpresas, por vezes cruel e que, onde menos esperamos, encontramos as maiores surpresas. Sim, porque se esperássemos não seriam surpresas, óbvio. No entanto encontrei Janette muito abatida. Tão abatida que quando lhe disse que havia dias que não lia um post dela no GT ela me pediu, “por favor Clarisse, escreve hoje por mim”. Fiquei um bocado sem jeito pois, além das confidências, estivemos também a remexer umas quantas velhas malas que tinham vindo de Angola e que, talvez bem contados, haveria quase trinta anos que ninguém lhes tocava mas do seu conteúdo só Janette tem autoridade para revelar. Depois, exaustas e cheias de pó, seguimos directas para debaixo do chuveiro.

O dia estava tépido. Não mais do que vinte e cinco graus o que convidava a um banho no mínimo à temperatura do corpo. A torneira termostática ajudaria a que não nos preocupássemos com a mistura de água. Concentramo-nos em nós próprias. Abraçamo-nos enquanto a água corria pelos nossos corpos. E beijámo-nos. Beijámo-nos muito. Tinha saudades daquela pele. Depois lentamente fui deslizando pelo seu corpo. Beijei-lhe os seios lânguida e docemente. Janette gemia baixinho. Imaginava-lhe toda a tesão no rosto pois não o podia ver, já que estava num plano mais abaixo e ela tinha também inclinado a cabeça para trás, mas sentia-lhe o sangue correr nas veias e com um ligeiro toque de dedo no clitóris senti-lhe também o seu pulsar. Desci um pouco mais, bolinei-lhe o umbigo, duas, três voltas com a ponta da língua, mas não me detive. Só parei na sua vagina que misturava a água do chuveiro com a doce emanação do seu interior. Chupei-a e lambi-a, como nunca. Para mim era sempre como nunca pois cada vez que fazíamos amor era como se fosse a primeira vez. Janette veio-se na minha boca. Não esperei retribuição. Janette estava demasiado cansada. Abracei-a de novo antes de ajudá-la a espalhar o gel de banho no corpo.

Clarisse, Maio de 2009.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

INESQUECÍVEL

Durante toda as 10 horas de viagem de volta para Portugal fiquei a pensar no que Alex me havia revelado.
Não... Nem por um momento condenei minha mãe. Tanto que, talvez em homenagem a ela, ou talvez em reconhecimento de que sou como ela, não me senti nem um pouco constrangida em experimentar todos os 18 cm de Alex na minha boca até ele me agradecer com seu sabor único e só dele. Ele talvez tenha se sentido um pouco constrangido, o tempo todo falando na possibilidade de eu ser filha dele, mas... besteira. Se não quisesse não tinha deixado – só isso.
Mas chegar em Portugal e pensar que não teria nada tão exótico para experimentar deixou-me inquieta. Não precisava ser nada. Talvez uma conversa jogada fora, mas que me levasse a ter a alegria que sempre tive na minha terra, sem precisar de emoções fortes e novidades como foram essas férias.
Já no apartamento abri as janelas, foi quando vi Clarisse.
Tem certas coisas que são inesquecíveis...
Tem certas pessoas que são mais inesquecíveis. E, talvez, mais inesquecíveis que outras.
Mal cheguei e fui até seu apartamento, porque Clarisse... bem... Clarisse é Clarisse.

domingo, 10 de maio de 2009

A Revelação

- Tenho uma coisa para te dizer – disse ele.
- Sim?... – perguntei ansiosa com o sumo de maracujá esquecido na mão.
- Eu sei que te sentes atraída por mim… que sempre sentiste… já mesmo em Angola.
- Então, tu sabias? – intuitivamente separei ligeiramente as pernas sob a toalha e afundei-me na cadeira na sua direcção.
- Sim, claro que sabia! Via bem como me olhavas. Como odiavas a Noémia, a minha criada. Sabias que eu e ela… enfim… Via bem como te posicionavas ao meu colo sobre os meus joelhos. Assustavas-me.
- E porquê? – arrefeci um pouco e juntei as pernas.
- Porque tudo isso não é normal numa criança de oito anos Janette. Não é normal! Para mim, tu eras um pequeno demónio de saias e lacinhos nas tranças.
Aí sim, juntei as pernas com força e segurei o nó da toalha que antes considerava deixar soltar. Estava ofendida. Alex continuou:
- Mas apesar de tudo gostava de ti. Como ainda gosto.
Retomei o entusiasmo e aproximei-me dele com a boca semi-aberta.
- Com ternura – finalizou ele afastando a cara e fazendo-me uma carícia no cabelo.
Eu já não entendia nada. Aquele homem era louco, era diferente de todos os outros! Permaneci apenas calada, olhando-o. Mas a interrogação estava estampada no meu rosto. E ele continuou:
- Não achas que somos um pouco parecidos Janette?
- Como parecidos?
- Os olhos, o cabelo, o nariz, o tom de pele. Não achas?
- Coincidência, por certo.
- Ou talvez não. – disse ele sorrindo – Porque sabes, Janette, eu conheci a tua mãe.
- Sim, eu sei. Frequentavas a casa!
- Melhor do que isso.
Gelei. Recusei-me a entender o que ele me estava a tentar dizer. Apetecia-me fugir dali, mas estava nua sob uma toalha minúscula. Pensei no meu pai. Na minha mãe tão devota, tão austera, na moralidade rígida que aprendi em criança. Pensei nas vezes em que acreditei que os meus pais nem tinham sexo e eu devia ter nascido de geração espontânea. Já quase a chorar, perguntei-lhe:
- Tu… e a minha mãe?! Quer dizer que… o meu pai não é meu pai? Quer dizer que… tu és o meu pai?!
- Não obrigatoriamente Janette. Não obrigatoriamente.
- Como assim? – agora sim, eu estava confusa.
- Eu sei que mãe é mãe Janette. Mas acho que já és crescida o suficiente para saber. A tua mãe não era o que parecia. Traiu o teu pai com praticamente toda a gente na cidade.
- Cala-te!
Mas Alex continuou, imperturbável.
- Ao domingo, antes da missa, era o padre, aquele velhinho. Lembras-te? Às vezes também o sacristão, aquele miúdo de quinze anos. Os dois em simultâneo para não perder tempo. E porque ele gostava de sentir “ocupada”, como dizia às vezes rindo. Os criados da casa também não escaparam. Nem as criadas. Os amigos do teu pai, onde eu me incluía, conheciam-na todos muito bem. Bastava aparecer quando o teu pai estava fora. Levar uma flor, qualquer coisa.
- Não acredito!
- Sim. Entre as tropas, ela era conhecida por fazer os melhores bicos. Era a única coisa que ela fazia com os soldados, não sei porquê. Ela dizia que gostava de ver a cara de parvos que faziam, como se o inimigo os tivesse apanhado de surpresa.
A essa hora eu já não tinha sequer palavras para o rebater.
- A tua mãe, Janette, era uma devoradora.
- De homens?!
- De tudo o que mexesse. Lembras-te do cãozinho branco que a seguia por todo o lado? Estava treinado para a lamber onde e quando ela queria. Eu tive o privilégio de, além de sexo, ter tido com ela uma relação de amizade. Eu era o único a quem ela confidenciava tudo. Costumava dizer, a brincar, que não podia abusar dos criados, porque um dia quando voltasse para Portugal ia estranhar a falta de instrumentos com mais de 18cm. Tinha um sentido de humor desbragado, a tua mãe. Eu habituei-me.
Nessa altura eu jazia sentada na cadeira de cabeça baixa, sem saber o que pensar. A minha vida toda passava como num filme sem sentido na minha cabeça. Alex pegou-me no queixo e levantou-me para que eu o olhasse nos olhos.
- Janette, ouve. Agora que sabes, acho que não deves condenar a tua mãe. O furor por sexo desenfreado está nos vossos genes. Tu e ela, são iguais.
Depois de ter dito isto, Alex afastou-se para que eu acabasse de me vestir à vontade. Eu fiquei ali, durante um bocado, atordoada. Depois recompus-me. Ainda de toalha fui à sala onde ele me esperava sentado. Senti um arrepio e verifiquei que, estranhamente, ainda o queria como antes.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

A vingança serve-se... molhada

Fiquei cansada desta minha viagem. Literalmente cansada mas me deu uma angústia muito grande quando o dia do regresso se aproximou. Alex estaria no cais de Paranaguá me esperando e eu apenas iria a sua casa tomar um banho e trocar de roupa. Depois ele me levaria a Curitiba para que eu pudesse tomar o voo da TAM entre Curitiba e S. Paulo e finalmente Varig de S. Paulo para Lisboa. Tudo isso se iria cumprir.

Dei quase todas as minhas roupas aos moleques. T-shirts e shorts compradas para a ocasião ficaram lá. Ofereci meu biquíni a Paula. Fui cínica pois tinha estado aos beijos com Ivanildo seu namorado poucos minutos antes. Na ilha não houve mais história. Apenas um memory card repleto de lindas e apaixonantes fotos de um lugar todo ele encantador. De Brasília às Encantadas, do Forte a Brasília. Maravilhoso!

Alex nem deu por conta que eu via através do pequeno espalho do polyban que ele me espiava enquanto eu estive no duche. Aí caprichei. Me esfreguei lentamente, passei as mãos no meu corpo, acariciei os mamilos, massajei-me com o chuveiro, toquei o clítoris, lânguida e sensual enquanto paulatinamente nas bermudas de alex uma intumescência ia transparecendo. Parei quando verifiquei que a sua mão descia de encontro ao seu pénis. Era a minha vingança, apenas uma pequena revanche pelo que nega que ele me deu à chegada.

Saí do banho de forma se pudesse ver parte do meu corpo na racha da toalha mal atada em que me envolvi. Queria que Alex, naquele momento, me estivesse a chamar provocadora. Esperei a todo o momento uma palavra de Alex. Saiu e voltou num ápice. Trouxe-me um suco de maracujá e pegou-me, silencioso, na mão quando mo entregou…

domingo, 3 de maio de 2009

BOA GURIA


Foi daquelas minhas noites de insônias. Vez ou outra eu tenho e, quando estou em casa, fico a variar pelos filmes da programação televisiva. Sempre me entedio e acabo por dormir, nem que seja por duas horas.

Na ilha nem isso eu podia fazer.

Portanto, saí pela praia deserta e escura.

O tempo todo fiquei a imaginar que um animal poderia sair do meio daquele matagal e atacar-me, ou um lobo selvagem, ou um tigre, ou um lince faminto, ou até mesmo um canibal – depois me disseram que isso não tinha por ali e fiz papel de boba e desinformada.

Andei muito pela orla do mar, sentindo as pequenas ondas baterem aos meus pés.

Então, um barulho me chamou a atenção e parei.

Nem deu tempo de nada. Nem mesmo de dizer pare.

Uma mão enorme tapou-me a boca e ao mesmo tempo jogou-me na areia macia. Com a outra me despia com rapidez desconcertante.

- Se gritar, morre.

- Não grito, mas vá com carinho. – disse eu, mansamente, considerando que aquilo era melhor que filme.

- Tu não és um traveco, né, guria? – hesitando por um momento.

- Não faço idéia do que seja um traveco, mas guria eu sei que sou.

Ouvi um sorriso malicioso, e uma mão calejada a me passear pelas coxas, subir e abrir as minhas pernas. Uns dedos que sabiam muito bem o que fazer e me fizeram gemer e sentir-me molhada inteira...

Tirou a minha blusa, mordeu-me, chupou os meus seios até eu sentir dor. A dor lhe dava prazer, mas, misteriosamente, a mim também. Eu podia gritar e enterrar meus dedos na areia fofa, sentir aquele peso que me prendia e me tinha.

Lambeu-me inteira, lascivamente, e chupou-me até eu começar a gozar. Então me penetrou, brutalmente, como um animal louco, e me proibia de gritar dando-me tapas a cada tentativa. Na mistura de medo, dor e prazer que eu enterrava os dedos na areia e revolvia tudo à volta, como marca de um estupro consentido.

Quando acabou, levantou-se e tocou-me com o pé.

- Fostes boa, guria. Não vou te matar. – e foi-se embora, sem eu ao menos ver seu rosto ou saber seu nome.

Lavei-me na água do mar e voltei para o chalé.

Lembrei disso agora, enquanto conto das férias, porque depois, dormi como uma pedra e até achei que tinha sonhado. Mas sei que não foi. Não foi...

quarta-feira, 29 de abril de 2009

O SONHO

Acordei com o som seco do chuto numa bola a menos de dois metros. Era uma criança que brincava com o pai. Virei-me para o lado ainda confusa e Ari olhava-me. Afinal, o suor que me deixava o corpo molhado e colado na areia era resultado do sol ardente que me queimava a pele e não das aventuras que sonhara ter com aquele homem bom como o milho… e com a irmã dele.
- Meus Deus – pensei – Estou a tornar-me louca nesta terra, deve ser do calor…
Nesse momento, tive a certeza que os meus pensamentos saíam em voz alta. Pelo menos foi o que me pareceu ver no sorriso lindo de Ari, e quase fiquei envergonhada com isso:
- Eu disse alguma coisa enquanto dormia? – perguntei.
- Como assim? Não falou nada, não!
Fiquei mais sossegada. Mas o sonho continuava a girar em looping na minha cabeça, recusando-se a sair.
E assim continuou até à noite, quando fomos jantar numa esplanada ao ar livre com vista para o mar. Para não o convidar de forma directa, comecei a inventar uma conversa desajeitada:
- Sabes que nunca tinha visto o sol nascer na praia?
Ele riu:
- Sério?
- É. Para mim, praia era só para o sol ir dormir, não para acordar.
- Verdade… nunca tinha pensado nisso.
Parámos de falar e, durante alguns segundos, só nos olhámos. Eu pensava com muita força – “É agora! É agora!” – e foi nessa altura que senti uma mão nos meus joelhos e vi, à minha frente, o sorriso que os homens fazem, em qualquer parte do mundo, quando querem sexo. Eu retribuí com o sorriso que as mulheres fazem, em qualquer parte do mundo, quando acham boa ideia. Pedimos a conta, com muita pressa se faz favor, que temos mais que fazer, e corremos para a praia agora deserta. Apenas com as estrelas por testemunhas, desapertei-lhe os botões das calças. Era verdade, ele não usava cuecas. As imagens do sonho que me obcecava continuavam ainda no meu cérebro. Acho que nunca na vida tinha tido tanta vontade de fazer sexo oral a um homem. Era só isso que eu queria e foi apenas isso que fizemos. Saboreei-o na totalidade. Com a língua, com os lábios, levemente com os dentes, com o céu da boca, com a garganta. Ouvi os seus suspiros que me pareceram música e segurei-lhe os quadris. Era só isso que eu queria e foi apenas isso que fizemos. Quando por fim ele se derramou em mim, levantei-me, ajeitei o vestido. Estava saciada. Ou talvez ainda não. Olhei-o nos olhos e perguntei:
- Tens uma irmã, não tens?

sábado, 25 de abril de 2009

Aguaceiros

Passamos todo o sábado na praia. O calor não era muito, os cerca de 30 graus que se fizeram sentir durante todo o dia mantiveram-se pela tarde. Nem os dois fortes aguaceiros que caíram durante o dia, parecendo que o mundo ia desabar, nos conseguiram estragar o dia. Depois o céu ficava limpo como se nada fosse com ele. Refugiávamo-nos nos 15 minutos em que parecia que o céu se desfazia sobre nós e retornávamos à praia logo de seguida. Os surfistas nem saiam da água. Robinho e Drica me iriam apresentar hoje Ari. Eu estava expectante e excitada até porque Ari tem uma irmã chamada Iara que eu já tinha fisgado na praia. Na minha cabeça passava um turbilhão. Pior que era mesmo um tornado. Ari ou Iara? Robinho ou Drica? Andamos a pé cerca de 20 minutos. O “arraial” se preparava no outro lado da ilha. A música já tocava no palco mas a partir de um leitor de CD. Eram os preparativos para o show. A banda que actuaria (acreditam que não lembro nem do nome?) passou a noite tocando e cantando forró. Quanto mais dançávamos maior era o calor. Ari é lindo de morrer. Me pegou a mão e a acariciou. Achei romântico. Esperava algo mais viril. Dançamos colados. Sentia o pénis de Ari duro e grande e grosso encostado ao meu short. Sim era viril. Sorri-lhe. Ele deu uma gargalhada e me puxou. Eu nada conhecia da ilha. Um recanto longe dos olhares. Disse-me que só ele e Iara conheciam aquele lugar pois era onde brincavam em pequenos. Não haveria perigo de sermos descobertos. Baixei-lhe a calça, mas Ari não usava cueca. Ajoelhei-me e comecei bolinando a cabeça de seu pénis com a minha língua. Escutei uns passos, mas não liguei. Afinal ninguém conhecia aquele recanto e Iara não viria se intrometer nos negócios do mano. Já em minha garganta se sentia todo o poder de Ari quando, como se fosse uma brisa, senti algo entre as minhas pernas. Ari tinha me retirado o short e me acariciado. Mas agora com uma mão em minha nuca, empurrando-me a cabeça de encontro ao seu mastro que eu sugava quase como uma desesperada e outra em meus seios, algo me acariciava o clítoris e não era a mão de Ari. Olhei para cima, para o rosto de Ari e entendi-lhe o murmurar. Iara. E neste duplo prazer, recebendo na minha boca os fluidos de Ari, derramei quanto mel produzi na boca ávida de desejo de Iara. De novo em dois aguaceiros poderosos, o céu parecia que desabava de novo.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

SHOW DE BOLA


Sempre ouvi que Brasil é o país do futebol, mas sempre achei, de verdade, que era mentira – país de futebol é Portugal! Só se fala, pensa, come e deita futebol.

Então, venho para o Brasil, crente que o que mais irei ver é futebol na praia.

Engano meu...

Surfistas e pranchas por todos os lados. Bolas? Claro que as vi. Jogavam vôlei e num ou outro ponto via-se algum grupinho a jogar futebol.

- Quer jogar alguma coisa? – perguntou o moreno de sorriso lindo que resolveu deitar-se na areia, ao meu lado.

- Serve areia, nesse corpo de cor linda? – perguntei sem nenhuma malicia. Acho...

- Meu nome é Robinho, sou namorado da Drika, que você já conhece – disse ele, se apresentando e ao mesmo tempo a insinuar com o olhar algo mais.

- O jogador de futebol? – animada com a possibilidade de, finalmente, conhecer alguém que poderia me ensinar para que, afinal de contas, juiz de futebol é tão antipático, chato e se veste com roupas absurdamente horríveis. Quanto às regras, nem vale a pena – não entendo e pronto!

- Não... – disse ele num sorriso lindo, ao mesmo tempo que deslizava seu dedo pela minha pele quente e, "sem querer" desviava o percurso para um caminho que se viu acordado e latejante – Mas posso mostrar o que posso fazer...

A minha curiosidade é insana.

Levantei-me calmamente, como toda turista com a cabeça no lugar deveria fazer. Caminhei com toda calma, juro, até à casa. Fomos até o mesanine que era a mim reservado. E ele me mostrou o que fazia...

Agarrou-me os seios e sugou-os como se fosse um bezerro faminto. Quase perdi o fôlego. Porque era também um meio abraço que me apertava e me engolia. E me fazia mais quente, molhada e latejante.

Mordia-me, lambia-me, mesmo cheia de areia. Mesmo eu a dizer "ais" por estar queimada de sol, pouco adiantava. Ele não parava e nem eu queria – adorava essa loucura de dor e prazer.

Quando achei que iria sugar o meu prazer... ele começou a mordiscar. Aquilo me enlouquecia – queria que me penetrasse, queria o meu prazer. E ele ria! E me mordia! E por ser forte não me deixava sair daquela posição!

Já ia me irritar realmente com ele, então me penetrou com força. Pegou-me de surpresa!

Ia num ritmo cadenciado, forte e rápido. Uma loucura! Eu ia gozar e... parou! Tive vontade de chorar! Ele parou! Depois riu de mim...

E voltou naquele ritmo maluco, que me alucinava! Pensei que iria parar novamente e até me preparei para isso. Mas ele não parou, não parou, não parou, não parou e... e eu gozei, como louca. Ele também...

Deitou-se ao meu lado e antes de me beijar, sorriu...

- Show de bola, guria!

terça-feira, 21 de abril de 2009

Um breve parêntesis

Ainda de férias aqui no Brasil recebi, de um amigo e ex-amante, um e-mail sobre um artigo de Luís Pedro Nunes no Expresso on-line de 19 de Abril pp. Senti-me tão honrada quanto envergonhada. E agradecendo tão ilustre referência não quero deixar de dizer por que é que me senti envergonhada. Das outras amigas referidas eu não sei, nem sei o que pensam sobre o assunto, mas eu estou envergonhada por nunca me ter deitado com o Luís Pedro Nunes. Assim eu teria a certeza que ele não escreveria que mulher que bem escreve fode mal. Pelo menos no que me toca, né mesmo cara?

sexta-feira, 17 de abril de 2009

E depois... o paraíso

Uma vez alterado o meu plano de viagem inicial, também Alex alterou o destino levando-me directamente para Paranaguá. Afinal de contas nem seria ele o anfitrião mas sim um moço conhecido do meu tio André dos seus tempos de escola em Portugal. Ora o moço, cujo nome eu não vou revelar aqui porque faz parte de um pacto de confidencialidade, é proprietário de uma casa à beira mar numa lindíssima e agradável ilha, ao largo de Paranaguá, chamada Ilha do Mel. Talvez tenham sido os 10 dias mais indescritíveis da minha vida. Para vos abrir o apetite tem três redes no alpendre, um quarto em mesanine super discreto com uma vista maravilhosa e… bom, mais detalhes para depois. E imaginem o que se pode fazer numa rede. Ou num discreto quarto fora do horizonte visual de quem quer que seja. O moço tem um filho ainda adolescente. Completaria, nesse fim-de-semana em que chegamos, 17 anos. Como dizem lá no Brasil, um pão. É surfista e tem namorada. Logo pela manhã, depois do café, sai com a prancha e se junta aos amigos. As namoradas ficam na praia se gabando que seus namorados fazem as melhores manobras. Drica é a namorada de Robinho. Eu fui a namorada de Drica. E a namorada de Robinho. Dias depois se juntou Iara e Ari que são irmão e surfistas também. Eu fui a namorada de Ari. Mais detalhes para depois, com Sandrinha, Iris, Carlão, Ivan e não sei mais quantas pessoas que me eram apresentadas em espiral. Mas foi no agito do final de tarde de Sábado, em festa de aniversário, que Drica me fez conhecer o verdadeiro sabor da goiaba com beijo, da acerola com amasso, do araçá com pernas, do abacaxi com chupadas, da carambola com abraço numa fresca, imensa, arrepiante, infinita, salada de frutas.

PS. Mais tarde vim a saber que não era bem uma namorada, mas uma ficante como eles falam. E como ficava bem, meus deuses!!! Vou contando aos poucos para se deliciarem com 10 dias no paraíso.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Mau humor

Eu, sinceramente, não entendo.

Depois de eu explicar o mais claramente possível as minhas intenções, o que recebi?

Nem eu acreditei!!

Um sermão!

- Jane (ele me chama assim) – começou ele – eu vou fazer de conta que nada vi ou ouvi. Nós vamos para a rodoviária agora, você vai se limpar na medida do possível e vamos embora. Sabe muito bem que sou casado, pai e que jamais cometeria uma loucura dessas, principalmente com você, que sempre foi uma menina aos meus olhos, até mesmo agora.

Blá blá blá blá blá...

Deu-me vontade de pegar toda a minha bagagem e voltar para Portugal. Pensei que estar no Brasil o tornaria mais quente, mas o que fez foi torná-lo morno. Se bem que... morno até que é agradável... a pele morna, deslizando pela perna... Bom! Mas não foi nada disso que aconteceu!

Ele ainda teve a capacidade, assim que subimos naquele bendito (ah, sim, eles chamam de outro nome) ô-ni-bus, colocar-me sentada ao lado de uma velhinha que falava o tempo todo sobre o netinho dela.

Certo... Se o netinho dela tivesse lá os seus 25 aninhos, até que eu podia me interessar pelos cabelos cacheados dele, sobre aquela pele sardenta e travessa, sobre aquelas mãos que poderiam passear o quanto fosse sobre o meu corpo incendiado, sobre qualquer travessura que quisesse fazer comigo. Mas... Ele tinha 5 anos. Só 5 anos!!!!

Alex resolveu ficar conversando com o motorista. Sei lá porque. Ou, aliás, eu sei porque. Talvez porque o motorista fosse mais interessante do que eu morder as suas orelhas, as minhas mãos brincando de fazer amor, a minha língua invadindo a sua boca, a minha boca engolindo o seu prazer.

Pensei até em seduzir o motorista, mas eu já estava cansada demais e resolvi dormir e, quem sabe, os sonhos fossem mais produtivos do que qualquer investida minha.

Enfim, foi uma viagem longa. Muuuuito longa. Mas eu dormi sem sonhos até Curitiba.

Mas eu ainda estou de mau humor.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Percepções

Não entendi porque é que Alex se preocupou com o meu aspecto, digamos, descomposto. Porque é que não conseguiu perceber no meu olhar de criança feliz que nada me tinha acontecido contra a minha vontade. Talvez já tivesse esquecido os tempos em Angola, e isso ofendeu-me um pouco. Será possível que ele nunca se tivesse apercebido que eu estava terrivelmente apaixonada? Pelo menos tanto quanto se pode estar aos oito anos de idade? Será que não percebeu que daquela vez que eu fiquei doente e ele teve que me levar ao hospital foi por ter tentado imitá-lo no consumo de cucas? Por ter tentado pôr-me ao seu nível de adulto? Será que nunca descobriu que o ursinho de peluche que eu nunca largava, nem de noite na cama, era o seu substituto? Será que nunca percebeu que o meu olhar feliz quando me sentava ao seu colo, em cima dos seus joelhos duros, era igual ao daquele momento?
Caí na realidade. Certamente que não. Agora, eu já tinha idade suficiente para saber que os homens carecem dessa capacidade de perceber para além do óbvio. Estava a ser parvinha. Claro que o Alex jamais tinha sabido que eu morria de ciúmes da negrinha que lhe limpava a casa e lhe aconchegava a cama, e que era eu que lhe pregava todas aquelas partidas por vingança. Para que um homem entenda o que quer que seja sobre uma mulher, é necessário ir ao cerne da questão. Levantei-me até ficar de joelhos na relva e puxei para cima a peça de roupa que tinha perto dos joelhos. Alex, de boca aberta, não sabia obviamente, o que pensar. Perguntei-lhe:
- Vamos?
- Onde? – balbuciou.
- À tua casa, claro.
Podia ter sido ali mesmo mas, além dum intervalo, eu precisava dum banho.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Obelisco

Se eu pudesse ter gritado naquele momento em que vi Alex com um pequeno cartaz “Benvinda a S. Paulo, Janette Silveira” teria sido um grito de alegria e surpresa. Margarida tinha-me dado um pequeno bilhete que dizia, Alguém na porta de desembarque aguarda por você. Eu tinha umas 4 horas de escala para o voo com destino a Curitiba e de tudo o que tinha menos vontade era de ficar todo esse tempo no aeroporto. Além disso eu sou, infelizmente, fumadora e Guarulhos não tem nem uma única sala de fumo o que me obrigaria forçosamente a sair. Abracei-me a Alex com uma lágrima furtiva num olho. Não o via desde que saí, com 8 anos de idade, de Angola. Alex era o melhor companheiro de caça e cucas como meu pai dizia. Eu bem que os via beberem tanta cerveja mas não fazia a mínima ideia do que Cuca era a cerveja ela mesma.

Alex não tinha mais que dois sacos com ele tendo-me passado um para a mão. Era leve de mais para que eu imaginasse do que seria o seu conteúdo. Lá fora um motorista nos esperava. E foi no jardim do Obelisco de Ibirapuera que começou aquele dia de almofadada. A Guerra de Travesseiros já vocês devem saber o que é pois, segundo sei, correu em quase todas as televisões do mundo. Assim, mal comparado parece a noite de alhos-porros no S. João do Porto, só que desta vez com almofadas e travesseiros de cama. Cansada da batalha caí num recanto por detrás de uma belíssima árvore plantada no gramado. O meu travesseiro quase estripado não me servia nem para descansar a cabeça. Foi quando um jovem moreno de dentes brancos e sorriso enorme, me ofereceu o dele. Aconchegou-me a cabeça e debruçou-se sobre mim. Tão perto as nossas respirações que não resistimos a um beijo.

O resto pode-se imaginar. Quanto mais perverso e mais difícil de fazer, mas gostoso é o sexo. Ele apenas teve de desapertar o cinto e baixar ligeiramente a calça para que o seu instrumento, agora arma desta guerra, pudesse sair à vontade. Eu, como já foi dito, estava de sainha. Entrelaçamo-nos um no outro como se apenas estivéssemos nos roçando e beijando. No entanto, o moreno, de quem nem o nome nunca soube, me invadiu com o seu longo obelisco. Foi a segunda batalha desta guerra mas uma batalha doce. No final um festim de gozos. Não voltei a ver o moreno. Quando Alex me encontrou, como se tivesse sido estuprada, ficou aflito.

sábado, 4 de abril de 2009

DEZESSETE HORAS

Dez horas voando… Sabe-se lá o que é isso? Um tédio!

O ruim é que já tinha-me divertido com Odair e Margarida logo de inicio e, tentar novamente não seria lá uma diversão, mas pedir para ser jogada do avião pelos outros passageiros.

Passeei pelos dois corredores do avião com a desculpa de evitar trombose nas pernas. Com isso pude olhar os outros passageiros à bordo – quem sabe alguém mais fosse interessante, mesmo que só na chegada.

Entretanto, o que consegui foi um olhar lascivo de Odair e uma Margarida indiferente, como devem ser todas as hospedeiras.

Por fim sentei-me, sosseguei-me à contra-gosto, e fechei os olhos imaginando como seria a tal Ilha do Mel.

Foi quando senti uma mão subindo pelas minhas pernas. Uma, não – várias!

O banco foi totalmente reclinado e, por um mistério que ainda não entendi, senti que ele girava para ficar numa posição diferente da que estava.

As mãos subiam pelas minhas pernas e outras seguravam os meus braços, como se eu quisesse sair dali...

A minha cuequinha nem mais estava lá! Mas uma boca que me sugava e brincava com sua língua me enlouquecia – e eu presa com as mãos que me acariciavam e me prendiam ao mesmo tempo.

Outros me sugavam os seios e outros mordiscavam a minhas orelhas.

Tudo ao mesmo tempo, enlouquecedoramente, e quando fui gemer de prazer, alguém me assalta a boca com um beijo.

Mesmo que eu quisesse sair daquela situação, tudo me prendia, tudo era um prazer que me encharcava.

Então senti algo diferente que me tirava de toda aquela tortura de prazer.

Acordei toda torta, molhada, encostada à uma senhora que dormia ressonando ao meu lado.

Infelizmente, por mais que quisesse, não consegui voltar ao sonho, a não ser relembrar as delícias...

O avião logo pousou e, lá depois do desembarque. cumpridas todas as tarefas alfandegárias, estava Alex me esperando com duas sacolas à mão, apressado.

- Vamos, que ainda dá tempo. – disse-me ele, mal me cumprimentando com um beijinho no rosto, jogando minha bagagem no maleiro e sempre com as duas sacolas por perto.

- Pensei que fosse fazer só uma escala por aqui. – disse eu, surpresa.

- Sim, vai. Mas, resolvi vir antes. – atento ao trânsito de São Paulo, que nada tem de parecido com o de Lisboa. – Dá tempo para irmos a um lugar antes.

Rodou mais um pouco, calado. Eu, sem entender absolutamente nada. Estacionou o carro em um grande parque, que ele disse que era o Ibirapuera, ou coisa que o valha. E carregou-me pela mão, apressado, levando as duas sacolas.

Era quase 17h00. Pessoas passeavam por ali, cada vez chegando mais. Todas com sacolas, sacolinhas, mochilas.

E eu, perdida naquilo tudo.

Num dado momento alguém tirou um travesseiro de uma sacola. E outro, outro, e outro, e Alex também. E eu também estava com um travesseiro!

Eu estava no meio de uma Guerra de Travesseiros!

Existem certas coisas que realidade, sonho e ficção se confundem tanto que nem dá para separar! Mas, em qualquer das alternativas... eu adorei!