sábado, 16 de janeiro de 2010

Reavaliando

Sabe, estes dias muito frios me deixaram a pensar. Nada sério, claro. Mas fiquei a pensar o que seria se eu fizesse coisa diferente da minha vida.
Coisa diferente, que eu digo, é profissionalmente – é bom deixar bem claro.
Já fui filhinha de mamãe quando era pequena, depois vim para cá e estudei mais um pouco, fui garçonete numa pastelaria que não valia nada, fui atendente numa casa de massagens – foi aí que peguei o gosto pela coisa -, fui escrituraria , ou seja lá o que for, com sr. Jerônimo, fui prostituta, modelo fotográfico, atriz de filme pornô e agora desempregada.
Ouvi outro dia que o governo pensa em lançar mais uma profissão no mercado – estagiário.
Pensei que seria uma boa alternativa, porque posso estagiar em várias profissões e, quem sabe, descobrir para que fui feita na vida.
Enquanto nem neva em Lisboa, mas faz um frio miserável, tirei umas fotografias de interiores.
Descobri que ter um parceiro faz uma diferença fenomenal. Portanto, se o governo pensa em lançar estagiários no mercado, acredito que será sempre em dupla. Por exemplo, eu como estagiária em fotografia, mesmo com a imensa disposição de tirar fotos e mais fotos, preciso de ajuda. Como é que vou tirar fotos de mim mesma, daquilo que sou, do meu interior, sozinha?! Não tem como!
O resultado da minha tentativa coloco aqui como uma amostra. Uma foto tremida, fora de foco e não fazendo jus à realidade. Frustrante...
Daí que alguém me disse que estagiário tem que trabalhar com outro profissional mais graduado. Pois então! Se estagiário é um profissional, dois estagiários são o que?! Bom... Esse alguém sugeriu, então, que eu voltasse a trabalhar para a Margot. Mandei-o para o meio do inferno. Alguém, como eu, que já foi até atriz, voltar para aquela vida? Só se não tivesse miolos na cabeça!
Por enquanto, estou a brincar com a minha máquina fotográfica – tenho certeza que um dia alguém vai me descobrir!
Caso demore demais para essa descoberta, penso que seria uma boa idéia vender estas fotos na feira... Essa da perna dobrada ficou muito boa apesar de tremida... Ou será o foco? Até a pintinha apareceu!
Quem sabe um curso de fotografia não me faria bem? Quem sabe...

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O Filme

Oi, gente. Desculpem, sei que ando meio distante. Tenho refletido sobre algumas coisas ultimamente, por isso tem quase um mês que não escrevo aqui no blogue.

Mas enfim, minha maior reflexão durante esse período, digamos, sabático, foi sobre como sou medíocre. A frustração sempre me acompanhou em tudo que faço, então estive pensando se era a hora de largar essa minha vida bandida; a vontade de ser mãe tem me aflorado novamente... Mas talvez o tema mereça uma melhor incursão outro dia, não hoje. É que, em contrapartida a isso, tenho a nítida sensação de que ainda deixarei minha marca no mundo, de que tenho algo grandioso a fazer. Vá lá que eu nunca pensei que seria em um filme pornográfico, mas quando surgiu o convite para atuar nele, achei que talvez caminhasse para a concretização dessas minhas intuições. Inclusive com a coisa de escrever o roteiro. Teria escrito o melhor roteiro de filme pornô que o mundo já viu, bem diferente desses toscos que estão à venda ou aos borbotões nas locadoras. Eu inauguraria um novo filão de mercado, filmes pornográficos pra mulheres, se é que já não existem. Sou bem resolvida – termo que pra muito homem significa mulher devassa – mas nunca fui de assistir à muitos filmes pornôs, a coisa da masturbação sozinha cansa minha beleza.

Mas eu falava sobre o roteiro do meu filme pornô. Então. Obviamente, meu épico-erótico-dramático não ficou lá essas coisas escrito em pouco mais de vinte dias. Mas apesar de superficial, continuou belíssimo, tinha a subliminariedade que tanto prezo e amo. O ponto chave da questão é que ele foi parido à fórceps, e um filho meu, um filho de Janette havia de ser interpretado com a alma. Ou seja: seria impossível, porque não tem como um filme de sacanagem comportar bons fodedores e estes ainda serem bons atores. Brad Pitt, por exemplo, se ele tivesse que mandar ver na Jolie, em Mr. & Mrs. Smith ali mesmo, não conseguiria. Ele é muito bom ator e...está bem, está bem, desculpem a digressão. Onde eu parei? Ah, sim! Sobre a produção do meu filme. Eu dizia que entendi o porquê de os filmes pornôs serem em sua grande maioria feitos por poucas falas monossilábicas e muito sexo selvagem. A propósito, sabia que os filme pornôs são iguais aos filmes de ação? Há uma enrolaçãozinha mixuruca no início, entra-se de sola na parte dinâmica e quando o filme acaba você não percebe, porque o final sempre te frustra ou não existe. E a única discrepância entre ambos os gêneros, é que, no pornô, ainda precisamos de mais cérebro pra assisti-lo.

Mesmo frustrada com o fato do filme não ter o roteiro dos meus sonhos, a coisa de participar de algo que ficaria pra história me excitava. Então fiz charminho como estrela da filmagem já que o cachê era uma miséria (duzentos e cinquenta euros) e pedi para escolher quem contracenaria comigo. E assim o fiz. Pra primeira cena, um ménage, na seleção de casting, escolhi Paola: uma loira linda, do cabelo até a cintura, bumbum empinado, seios fartos, boca carnuda, olhos verdes. Ficava molhada só em pensar naqueles lábios sugando minha bocetinha. E o garanhão foi Arnaldo. Cara máscula, marcada de barba, tem um jeitão latino, sabe? Ai, meu Deus, chega dá calafrio em pensar no abdôme do infeliz.

A segunda cena, a que consumiria o resto do filme, tratava-se de um Gang Bang. Não sabem o que é? Olha, até procurei no Google pra não dar uma definição incorreta da coisa, e segundo uma famosa enciclopédia da internet, “Gang Bang são cenas onde uma mulher mantém relações sexuais com três ou mais homens, um homem mantém relações sexuais com três ou mais mulheres ou ainda três ou mais mulheres mantêm relações sexuais com três ou mais homens.” Preciso dizer o que escolhi?

Pra recrutar meus comedores fui à academia de jiu-jitsu em fim de aula, e sem pestanejar, convoquei os oito grandões que ali estavam. Acontece que, os bastidores de um filme pornô também tem tantas falhas e inúmeras repetições de tomadas, que na hora de gravar, a coisa fica meio artificial. Por exemplo, vocês sabiam que entre um take e outro existem moças contratadas só pra deixarem os atores em ponto de bala? É isso mesmo. Nos intervalos entre uma tomada e outra vem uma moçoila, se debruça no cacete do ator e o chupa até recomeçarmos a gravar. Ás vezes acontece de eles gozarem nesse intervalo ou serem precoces quando recomeça a penetração, daí dá-lhe edição. Ou você achava que aqueles atores e as moças aguentam uma média de meia-hora de transa, por participante, porque são bonzões mesmo? Nada disso, a edição é a alma do filme pornô.

Quando começamos a gravar, era um tal de “Olhe pra cá enquanto geme!” que me enchia o saco. Sem falar de quando eu estava lá, lambendo em um dos raros momentos de prazer, apareciam, do nada, com uma luz horrível bem na minha cara. Na boa, desestimulante! Não dá pra foder desse jeito! Tem nada a ver com o fetiche de ser observada, mas literalmente, dirigida, mandada trepar assim ou assado. Eu doida pra dar por Arnaldo de quatro e chupar a bocetinha de Paola e o diretor falando “Corta! Troca pra tomadas das duas chupando o Arnaldo!”, ah, não... Gosto do sexo à minha maneira, ou pelo menos me forçando a fazer coisas que eu faria. Agora, me dizer como devo transar, que assim dá mais tesão, que do outro jeito fica ruim pro público, que daquele outro jeito a câmera não capta bem, ah, isso foi demais pra mim!

Ao final dessa filmagem, nós conversamos e acabamos ficando bem amigos. Entretanto, meu tesão, pairava no ar, dava pra senti-lo e talvez até tocá-lo. “Ok, no Gang Bang será melhor!”, pensei. Seriam oito, oito, oito caralhos só pra mim! Mas os lutadores, dirigido pelo diretor filho da puta só quiseram ver meu oco. Chupei todo mundo e nada de ninguém me chupar, nada de perguntarem o que era melhor pra mim, os caras lá, penetrando, penetrando e eu só pensando a que horas aquilo acabaria. Isso sem falar do pior: esporraram em minha cara! Poxa, eu gosto de engolir, mas gozar na minha cara, não! Já teve porra grudando teus cílios? Então pense duas vezes antes de atender a um pedido exdrúxulo como este! Aliás, ainda quero saber qual o tesão que homem tem em ver um belo rostinho como o meu todo melecado de esperma. Acho que isso vai além da submissão, é humilhação; amor pelo feio ou coisa que o valha, sei lá.

Enfim, não satisfeito em me ver desfigurada, com o esperma de oito broncos em meu rosto, o diretor ainda inventa de pedir pra uma assistente passar um creminho branco lá no meu cabelo, pra falsear, como se tivessem gozado ali também, já que um deles não conseguiu a façanha. Aí me estressei e o mandei à merda ali mesmo!

Fora todo esse ocorrido, acho que só fiquei com tesão mesmo com a DP (se alguém não sabe o que é isso, procure no Google. Agora fiquei sem paciência pra explicar, porque quando não gozo fico muito mal-humorada), mas não superou a minha expectativa de tesão homérico que tenho. Essa coisa de roteiro pra foder me deixou muito, mas muito chateada.

Bom, a última gravação terminou ontem e estou aqui, me masturbando a toda hora, morrendo de tesão, pois não fui saciada. Todavia fui esperta e marquei uma confraternização com os oito brutamontes, mais Paola e Arnaldo aqui em casa logo mais. Estou vendo estrelas, tamanho é o tesão, e eles hão de apagá-las.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Se é para fazer, faça-se!

Estava satisfeita comigo própria, na verdade. Sabia que não iria morrer sem concretizar esta fantasia que era fazer sexo oral num desconhecido em público. Agora só me faltava ser protagonista num filme porno, mas até isso estava próximo de conseguir. Ia nestes pensamentos quando entrámos no apartamento de Rita. Ia aliás de tal modo absorta neles que nem liguei quando ela pôs a língua de fora e a enfiou no meu ouvido, ainda no hall de entrada. Foi só quando comecei a sentir uma humidade fria mas ao mesmo tempo quente, como num pequeno choque eléctrico, que me voltei para ela disposta a retribuir, mas não sem deixar de continuar possuída pelas minhas fantasias. Por mim, durante todo o tempo em que fiz amor com Rita, podia jurar que havia um câmara man na sala. E foi convicta desse desejo que me expus nos ângulos certos, que sorri e gemi de forma estudada, que seduzi uma câmara que não estava lá. Mal podia esperar.
Depois, mais tarde, enquanto fumávamos o cigarro da paz após a amigável batalha que travámos, puxei a conversa. Queria ver o guião do filme. Rita riu, cristalina:
- Oh mulher! E filme pornográfico lá tem guião?
Caí de repente do alto da fantasia onde tinha subido:
- Não tem?! Tem que ter!
- Não tem mesmo, acredita! Chegas lá, tens dois ou três matulões à espera, despes-te. Depois montas um enquanto chupas o outro que está de pé à tua frente e o terceiro aproxima-se por trás e mete também. Finges que tens uns cinco ou seis orgasmos e no fim ficas de joelhos enquanto os três se masturbam para cima de ti. Voilá!
- E depois?...
- Depois tomas banho!
Não, pensei eu. Não mesmo! Um filme porno comigo tem que ter guião, senão não faço! E não pode ser uma coisa própria para ver em festas de primeira-comunhão como a que Rita acabara de me descrever. Qualquer miúdo de seis anos já viu um filme desses! Não! Um filme comigo tem que ser a sério! Mesmo a sério! Tem que incluir dor, sangue. O sangue nunca pode faltar. Não faltou no martírio de Cristo, o clímax da nossa civilização, também não há-de faltar num filme meu. Tem que incluir dejectos, fezes, a condição humana toda sem mentiras. Tem que incluir submissão e sublimação. Estupro e violência. A aviltação de todos os sentimentos, todos os objectos e todas as criações da natureza. Um filme comigo tem que ser a sério!
Decidi que ia oferecer-me para escrever o guião eu mesma.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

À mesa

Estava a sentir saudades de Rita e decidi telefonar-lhe. Não sei se houve transmissão de pensamentos pois, no momento exacto em que peguei no telefone, este tocou. Era Rita. Ultrapassado o pequeno momento da surpresa em que ficamos sem saber se fomos quem ligámos ou não, Rita contou-me que tinha um projecto para mim. Agora que eu estava lançada na fotografia “exótica”, chamemos-lhe assim, e que por acaso até estava a gostar, já que não só me divertia, me excitava também e ainda por cima recebia uma boa quantia por isso, a última coisa que eu esperava era de uma proposta. Seria de trabalho ou seria algo indecente?

Almoçamos juntas num restaurante discreto de Lisboa. Rita tinha-me pedido que fosse de saia larga não muito curta e sem cuequinhas. Não me surpreendi pois é do jeito que eu mais gosto de me vestir. Eu sabia que não podia ser nada que não envolvesse sexo, mas isso para mim é o pão nosso de cada dia. Enquanto comíamos um pequeno crepe de camarão e legumes Rita falou-me do projecto. Margot seria a produtora e eu a protagonista principal de um filme pornográfico. Contou-me de tal modo os detalhes que me deixou completamente molhada. Não resisti a abrir as pernas e a levar a mão às coxas. Rita pediu-me ao ouvido para que masturbasse. Fi-lo, lentamente. O meu rosto não conseguiu disfarçar o momento. O empregado de mesa já não sabia onde colocar os olhos. Aproximou-se e perguntou-nos se podia servir o prato.

Pedi-lhe que, primeiro, nos trouxesse champanhe. Não demorou mais do que dois minutos a trazer a garrafa e o frapé. Encostou-se a mim e eu baixei-lhe o fecho das calças. Pedi para que me servisse e, quando se virou para me servir o champanhe, tirei-lhe o mangalho que já estava, obviamente, erecto. Chupei-o sofregamente, uma, duas, três vezes e depois disse-lhe que podia trazer os bifes.

Atrapalhado pôs-se direito, tentou arranjar a camisa desfraldado e, aflito que alguém, em outras mesas tivesse reparado, saiu de cabeça baixa. Enquanto o garçon foi à cozinha, eu e Rita brindamos com a flute de champanhe meia cheia, deixamos o dinheiro para a conta e gorjeta e saímos de mão dada direitas ao seu apartamento.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

SESSÃO DE FOTOS


O caso é que eu precisava trabalhar. Nem pensar em trabalhar com Margot!

Peguei o jornal e procurei uns anúncios. No fim decidi-me por um que não requeria experiência e era para trabalhar em uma agência fotográfica.

Nem me perguntem o que seja, porque até agora não sei definir o que é. Claro, sei o que é, mas tudo ficou um pouco confuso, dado o que aconteceu por lá.

Era um casal de proprietários e fotógrafos. Queriam modelos fotográficos. Olharam para mim dos pés à cabeça. Senti-me um cãozinho a ser examinado para ver se é comprado ou não.

Por fim decidiram que preferiam fazer um teste fotográfico. Se desse certo eles pagariam pelas fotos, do contrário eu poderia ficar com elas – desde que eu pagasse – ou deixá-las por lá para fazerem parte da apresentação da empresa, ou seu portfolio, ou seja lá como chamam essas coisas.

Fiquei feliz da vida, porque afinal estaria fazendo uma coisa diferente do que faço todos os dias! Iria mudar minha rotina! Sim, sexo e sexo e sexo às vezes cansa...

Foi então que eles pediram para despir-me. Numa ordem assim tão desprovida de emoção e desejo que fiquei chocada! Certo... Não estou acostumada a isso. Mas fiz. Na frente deles, sem qualquer inibição. Só depois percebi que tinha um reservado para isso... E só depois percebi que eles haviam trocado olhares intrigados.

Aliás, foram mais do que olhares intrigados. Eles ficaram a olhar-me com curiosidade e quase dava para ver os pensamentos que lhes passavam pela cabeça. Mas, como não sou vidente, fiquei esperando qualquer ordem dos dois.

- Ahn... – começou a mulher – Nós estávamos pensando fazer outro tipo de trabalho, mas acho que você se encaixa perfeitamente em outro tipo. Eu vou dar um óleo para você passar na pele para ficar mais brilhante. No corpo todo. Tem sabor morango...

Fiz como ela havia me mandado. Enquanto os dois me olhavam.

Então ela veio com uma tira longa de couro e pediu os meus pulsos. Amarrou-me e pediu que afastasse ligeiramente as pernas, jogasse o corpo para a frente e olhasse para a câmera.

Foi um flash. Ia ser divertido!

Então ela subiu numa escada e amarrou as pontas das tiras – e a mim – numa argola que tinha no teto.

Outro flash.

A mulher então desceu e prendeu-me os tornozelos numas argolas que tinham no chão e eu nem tinha percebido. De repente vi-me presa!

Nessas horas a gente pensa um monte de besteiras. Afinal de contas, mal conhecia aquela gente!

- Vamos filmar também. – avisou o fotógrafo.

Percebi que ambos estavam com roupas diferentes. Com máscaras e chicotes em mãos. Entretanto... Detesto pensar nisso... Aquilo deixou-me realmente excitada.

Foi quando senti a primeira chicotada. Lembrei-me de Rita.

Certas coisas entram num circulo vicioso que me intriga.

Mas naquele momento eu não queria pensar nisso – só sentir aquilo tudo...

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O Ménage Gay

Atendi a ligação um tanto nervosa. Paulão me falava com uma voz longe de ser aquela voz grave e bronca a qual eu me apaixonara... O que foi? Não era paixão? Claro que foi paixão, sim! Se gosto de me enganar? Bom, digamos que prefiro dizer para mim mesma que me apaixono por todos com quem transo. Mesmo que sejam paixões efêmeras de vinte minutos, como a desse meu vizinho veado, sei lá, elas fazem com que eu me sinta menos puta e não me arrependa de dar de novo daqui a meia-hora, caso eu queira.

De qualquer forma, lá estava Paulão a me falar como tudo acontecera, como conhecera o veado do meu vizinho. Jurava para mim, ao telefone, que até conhecer Braga (descobri o nome do maldito) ele ainda tinha sua virgindade perpétua. Que foi meio abrupto, que os dois beberam demais e que foi algo parecido com Brokeback Mountain, de momento mágico, de se olharam e se pegaram dentro do carro quando Braga fora deixá-lo à casa. Eu, que sabia que Paulão era – pretérito – muito do bruto, acreditei. Mas pensei cá com meus botões que, provavelmente, Braga fez de caso pensando: primeiro enfiara bebida naquele homenzarrão, para depois lhe enfiar a naba. Só não entendi para quê diabos ele me deu toda aquela explicação. Não sou mulher de cobrar satisfação de ninguém. Só cobro o que posso ter cem por cento. O que não é o caso da satisfação de homens como Paulão, que só uso, digo, usava para satisfazer minhas vontades e necessidades.

Mas enfim, Paulão largou com a digressão em que se metera a murmurar-me e fez o convite a que tanto esperei minha vida toda: participar de um ménage gay. Eu estava ansiosa, aflita e larguei o telefone antes mesmo de ele terminar de falar. Atravessei a rua correndo, subi a escada esbaforida e mal cheguei, pus-me a beijar Braga ofegantemente. Cospia em sua boca e ele retribuía. Paulão se agachou entre nós, me levantou a saia e chupou minha lisa boceta, e me comia o cu com a língua. Que sensação maravilhosa! Eu beijava Braga e Paulão me chupava toda, deixando-me cada vez mais lânguida. Não mais que de repente, parou de me chupar. Parei de beijar o veado do Braga e empurrei sua cabeça para os meus mamilos, com a desculpa de olhar o que já sabia que Paulão fazia: abocanhava o pau de Braga sem dó. Menina, senti-me a escorrer com a cena. Quanto tesão! E te digo que Paulão é muito mulher, pois eu mesma não consegui colocar Braga todo em minha boca.

De Paulão eu enjoara após vê-lo daquele jeito. Então implorei a Braga por uma enrrabada, no cuzinho mesmo. Ele atendeu prontamente puxando uma cadeira para que eu me apoiasse de quatro e colocando sem delicadeza alguma seu mastro em mim. Às vezes penso comigo mesmo que gosto tanto de sexo anal que não sei por que ainda dou a boceta. Esperava a hora da língua de Paulão, agachado entre nós a roçar e percorrer o pau de Braga, minha boceta e meu cuzinho preenchido, mas o gemido do meu vizinho começou a me excitar tanto que até esqueci de Paulão. Braga gemia como nenhum homem gemeu comigo, aquilo era bom para a autoestima, me deixava mais molhada, eu pingava. Não me lembro quanto tempo passei deliciando aquele sexo anal. Sei lá, dez, quinze minutos? Sei que resolvi abrir os olhos para ver onde estava Paulão. Queria chupá-lo. Queria sua porra quente na minha boca, na minha cara, nos meus seios...Quando olhei em volta, entendi porque Braga gemia tanto enquanto me comia. Não era eu, Janette, que lhe dava prazer, mas Paulão e seu imenso caralho. Porra, o veado sentia mais prazer com o agora gay do Paulão do quê comigo! Fui embora na hora batendo a porta, revoltada. Eles que se fodam.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Montanha Russa

Eu não conseguia simplesmente desviar o olhar daquela cena. Com toda a minha experiência na matéria, esta era uma coisa que eu nunca tinha presenciado. Porque os homens não fazem, os homens não podem... Nós, as mulheres, somos tão mais livres neste pormenor! Podemos beijar as amigas, abraçá-las, dormir com elas na mesma cama, trocar roupas e segredos, ficar muito íntimas. Mesmo que se saiba que numa noite mais fria ou num momento mais aborrecido nos aconchegámos para lá do limite, não há problema. Para os nossos homens, é apenas uma tolice, pois no fundo, bem no fundo, acreditam que as mulheres não têm sexo, como Maria. Para os homens estranhos, é uma diversão e um espectáculo excitante. Não há homem nenhum que não fantasie intrometer-se num casal de lésbicas, mas mulher alguma sonha ser o terceiro elemento num casal de homens que se amam. Os homens, entre si, amam-se de forma brutal. Paulão e o meu vizinho já suavam e os seus rostos contorciam-se como se duma luta tribal se tratasse. Os seus corpos reluziam de suor, enquanto davam um ao outro aquilo que as mulheres não lhes podem dar, ou lhes dão apenas uma amostra. Quando se beijavam, era como se tentassem comer-se um ao outro. E eu não conseguia desviar o olhar daquela cena.
Agora eles falavam, e eu imaginava o que poderiam estar a dizer. Tentava ler nos lábios, mas estava demasiado longe para tal. Colei-me à janela instintivamente. Colei todo o meu corpo à janela. Respirei fundo. Paulão estava agora a pegar no telemóvel. Marcou um número... Nesse momento, o meu telemóvel tocou, mesmo ali ao lado, e isso fez-me dar um pulo de susto. Olhei para o visor. Era Paulão!
Adivinhei o que queria e senti como que uma vontade de urinar. As minha calcinhas ficaram, de repente, ligeiramente húmidas. E eu estava louca. Meu Deus, eu estava louca!
Sôfrega, peguei no telemóvel para o atender. Sentia que ia entrar na montanha russa.