quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Herança


Sabe quando as cores ficam mais fortes, mais brilhantes? Não, não é prenuncio de dor de cabeça! Mas aquela sensação de que o dia vai ser melhor, vou ser mais feliz, vou ter boa notícia...
Não foi nada disso. Quer dizer, eu ainda não decidi.
O caso é que do hospital ligaram-me para dizer que mamãe havia falecido.
Telefonei para Margot. Nem sei dizer porque fiz isso, mas como ela conhecia minha mãe achei que mamãe ficaria feliz. Se não ficasse feliz, pelo menos Margot saberia os procedimentos de um funeral, já que com certeza cansou de enterrar prostitutas.
Claro que fiz o meu papel direitinho, de filha amorosa. Mas detestei ser consolada pelo enfermeiro legista que liberou o corpo dela. Aliás, nem sei se existe enfermeiro legista.
Saímos do cemitério, eu e Margot, e fomos beber algo, já que anda um calor infernal por aqui.
- Acredito que saiba que sua mãe deixou-lhe uma herança.
- Pensei que já tivéssemos resolvido a respeito da divida que ela tinha com você.
- Eu não estou falando de dívida, mas de herança, menina!
Vejam só! Afinal uma coisa agradável!
- E como faço para recebe-la? – evidentemente feliz da vida.
- Fácil. Vou mandar Paulo levá-las para você. – disse tão displicentemente que julguei que estivesse realmente feliz em se livrar de algo.
Fui para casa e mal cheguei Paulão chegou. Para falar a verdade nem mais pensava em herança, mas no Paulão.
Abri a porta e lá estava ele, naquele tamanho descomunal, com uma calça rosa, t-shirt justíssima e branca. Evidente que não era mais o Paulão.
- Margot pediu-me para entregar essas malas para você. – disse-me ele, mal olhando nos meus olhos, a depositar rapidamente as malas no meio da sala e virar-se para ir embora – Cuide-se.
E foi!
E eu nem disse nada!
Abri uma das malas e lá estavam roupas estranhas, mas divertidas. Vesti uma delas – eu e mamãe vestíamos a mesma numeração. Era uma que parecia de freira, mas tão curta que eu ri ao pensar mamãe vestindo aquilo.
Novamente a campainha toca e lá vou eu atender, fantasiada como estava.
Dia totalmente atípico. Lá estava, à minha frente, o meu vizinho de rua. Mora uma quadra adiante, mas vez ou outra cruzamos nossos caminhos ou olhares.
- Vim avisar que sua janela está aberta. – disse ele, medindo-me com o seu olhar.
- Gostaria de fechar para mim? – disse eu, imitando uma voz doce e angelical.
- Com prazer.
- Será um prazer mútuo.
Ele fechou as janelas, certificando-se que ninguém mais conseguiria ver as minhas travessuras no apartamento.
Tão logo fechou-as e sua mão foi direto para meio das minhas coxas.
Sinceramente, não preciso de fantasias para ficar molhada. Acredito que ele também não, porque as roupas sumiram rapidamente.
Começou a beliscar-me no interior das coxas deixando marcas vermelhas. Doíam. E ele ria.
- Dói? – perguntou ele, num sorriso sádico.
- Claro. – docemente.
Então mordeu-me e chupou-me com força. Minhas coxas ficaram cheia de marquinhas roxas.
- Você está sendo malvado! – reclamei.
E ele sorriu, satisfeito.
Penetrou-me com força e nos seus movimentos, quase enlouqueci. Sentia a dor de suas mordidas e o prazer do seu corpo no meu.
O meu gozo veio rápido, mas o dele não, que continuou a dar estocadas. Gozei novamente e nesse momento ele retirou-se de mim e gozou sobre os meus seios e rosto.
- Ai, Janette... Seria capaz de passar a noite inteira a amar-te.
Então lembrei-me de mamãe.
- Enterrei minha mãe hoje.
Existem certas coisas que não entendo nos homens. Uma delas é achar que quem está triste não pode transar. Outra, é achar que só porque minha mãe morreu eu deveria estar triste. E outra, é sair aborrecido, mesmo eu pedindo para ficar.
E eu nem sei o nome da criatura.

6 comentários:

  1. Continuo a gostar desta escrita onde a imaginação não tem limites...

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  2. Janette, o teu vizinho é normal. Tu é que não, caramba!

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  3. :)) Concordo com a Castanha! Você é maluca!

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  4. Eu sei que um homem casado não pode dizer isto, mas esta Janette ainda é mais louca do que a minha vizinha do 7º andar, esq.

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  5. Não perdes uma oportunidade, Janette!!!
    Que doçura de doidinha, você...só no final é que lembrou de mamãe, né???

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  6. Ah, Janette, sei não, achei este homemsensível por demais pra lhe deixar na mão só por isso.

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