quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Imperfeições

Apesar de triste, o calor não me passava. Não me refiro aos mais de 30 graus centígrados que fustigaram a semana mas sim àquele calor que nos deixa húmidas. Pronto, não me estou a sair bem mas acho que os leitores do meu blog já entenderam. Reabri a janela que o meu vizinho me tinha ajudado a fechar, debrucei-me no parapeito e fiquei calmamente a tomar ar. Vi-o atravessar a rua, acender a luz da escada do prédio e, desta vez, era ele quem tinha deixado a janela aberta. Embora uma diáfana cortina me proporcionasse pouco mais que silhuetas, vi-o despir a camisa e preparar um whisky. Sentou-se num sofá e ficou a olhar fixamente no ponto. Com o comando na mão só poderia estar a ver TV.

Surpreendi-me ao ver parar um carro que não desconhecia. Era o carro de Margot mas não era ela quem estava conduzindo. Estacionou irrepreensivelmente junto ao passeio entre dois carros já ali parados. Era Paulão quem tinha feito tão perfeita manobra, era o perfeitíssimo Paulão, aquele que caprichava sempre que comigo se enrolava, quem estava a sair da viatura. As mesmas calças cor-de-rosa, a mesma camisa branca colada ao corpo, que há momentos ostentava, não davam para que me equivocasse. Pensei então que Paulão viesse reclamar o que não tinha feito, se redimir de não me ter dado a mínima bola quando me deixou “a herança”. Engano meu. Paulão entrou no prédio em frente. Outro arranjinho, pensei e fiquei na minha, olhando para a luz do prédio que se acendia de novo.

O meu vizinho, o do whisky acabado de preparar levantou-se do sofá. Estranha coincidência, Paulão foi ao seu encontro. Entraram na sala abraçados e beijaram-se. Um beijo que se prolongou. Eu não queria acreditar. Quero mesmo poupar-vos a pormenores, mas aquele instrumento que há pouco me penetrava, aquele que me jurava querer ficar toda a noite me amando, aquele que se veio abundantemente em meus seios estava agora a comer o cu a Paulão. Definitivamente este não é mais o meu Paulão e o calor, esse calor que há pouco me dilacerava, transformou-se numa corrente de ar fria de decepção. Imperfeições?

6 comentários:

  1. Tens mais sorte do que eu... (tirando a decepção)! ;-)

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  2. Vê "isso" pela positiva... os fulaninhos são é muito versáteis!!

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  3. Oh Janette! Não me digas que uma coisinha como essa te assusta!

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  4. Pois é, Castanha! Ela apronta das suas e o pobre Paulão não pode? Que injustiça...

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  5. Não lhe chamaria de imperfeições...
    Diria que é uma pessoa que gosta simplesmente de diversificar os sabores...
    beijos saborosos

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  6. Não é por nada não, mas na boa, Paulão nunca me enganou...

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