sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Água Molhada

Sabia que estava ali.

Não, não o via, mas sentia que estava ali.

Já era quase como um ritual – despia-se na beira da piscina lentamente e saltava para a água tépida. Todos os dias.

Nadava como nadaria em qualquer piscina ou mesmo mar, mas ali... Ali era diferente.

Não sabia onde ele estava, nem quem era, mas sentia os seus olhos lambendo-lhe a pele quase nua, quase como a água morna que abraçava o seu corpo. E era assim que imaginava quando nadava de costas, quase como uma entrega aos olhos invisíveis que a aqueciam em cada final de tarde.

A cada braçada que dava era como um abraço que a fazia mais próxima daquele corpo que desconhecia. Um abraço que a aquecia e que passeava pelo seu corpo inteiro.

Apesar do sincronismo, as suas pernas por vezes traíam-na querendo ser donas do improvável. Querendo ser donas da gruta do seu prazer, revelando-a ansiosa.

Mergulhava até o fundo até o ar se fazer impossível de se esperar. E explodia à superfície, quase num êxtase, num prazer imaginário.

Por fim saia... Deixando escorrer a água quente do seu prazer... E um sorriso pairava no seu rosto.

Sabia que ali, onde ele estivesse, a sua água molhá-lo-ia.

2 comentários:

  1. Certos prazeres são inconfessáveis... :)

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  2. Vim retribuir a tua visita ao 'inspirar-poesia' e percebi um talento e uma escrita cheia de estímulos sensoriais...
    Um texto repleto de sensualidade.
    Muito bom.

    Voltarei.

    Abraços,
    Mai

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