segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Modernices

Miguel de Andrade telefonou a Janette. Foi apenas uma semi-surpresa. Mais cedo ou mais tarde ele haveria de contactá-la. Desde que se tinham conhecido naquele bar que ficaram de se ligar. No entanto, nem um nem outro queriam tomar essa iniciativa. Os jogos de sedução, onde a piscina tomava o papel principal mantinham viva aquela não-relação. Mas ela foi.

O novo mobiliário do seu escritório poderia ser ou não o ponto de partida. Ele iria fazer o teste. Em frente a uma secretária de carvalho maciço mas de recorte moderno, onde pontificava uma cadeira em pele de última geração com os comandos domóticos que lhe permitiam controlar quase todas as funcionalidades internas, situava-se um moderno móvel da mesma madeira, a aparelhagem de som, o LCD, o leitor de DVD e o bar. À entrada da porta do lado esquerdo um canapé, herdado de uma avó que dava um lado romântico à sala e o fundo uma mesa de reuniões com seis cadeiras. Encostada à parede do fundo dois sofás, um com longchaise e outro mais pequeno. Sentado na cadeira, abriu o bar e pediu a Janette que lhe oferecesse um whisky. Com 2 pedras de gelo.

Janette, que não entendia porque é que um escritório, onde seria pressuposto que se trabalhasse tinha que ter tantas comodidades que mais convidavam ao lazer, preparou um whisky para cada um. Entregou um a Miguel que, carinhosamente, lhe segurou a mão e, numa fingida curiosidade, perguntou-lhe se uma cadeira com tantos botões seria funcional. Ele puxou-a um pouco para mais perto de si, sentou-a no seu colo e recostou a cadeira. A um leve clique a porta trancou-se e o quarto mergulhou numa semi-obscuridade. Terminaram o whisky no canapé.

3 comentários: