domingo, 22 de março de 2009

Vinte e cinto

- Janette! – era sr. Jerónimo… Era a segunda vez que eu derrubava café em suas listagens.

Meticuloso que é, gosta de imprimir as suas listas de scripts de computador para não precisar ficar muito tempo à frente do ecrã.

E eu, acidentalmente, pela segunda vez que passava por sua mesa, esbarrei no copo de café que invariavelmente deixa por lá para sempre estar atento àquelas pequenas letras que o forçam a usar óculos.

Evidentemente que o trabalho não rendeu quanto devia e ele se sentiu na obrigação de ficar até mais tarde para acabar o que tinha programado, além de estar evidentemente aborrecido comigo.

Eu, com um terrível peso na consciência, acabei por ficar também já que tinha um arquivo enorme para colocar em ordem, devido à incompetência da funcionária anterior. Detesto gente incompetente...

Assim, já quando deu por terminado o seu trabalho, que nem por sonho pensei em interromper, ele deu-se conta que eu ainda estava por lá e do adiantado da hora. Descemos juntos as escadas mas, no último degrau... Eu tropecei e virei o pé.

Ainda bem que tudo funcionou direitinho, porque passei dois dias treinando aquela queda sem grandes danos.

- Tudo bem, minha menina? – ele, todo solícito, ajudando-me a levantar – Machucou-se? Quer água?

- Acho que se subir naquele sofá que tem lá em cima eu posso ver direito se houve estrago maior. – respondi, dolorida.

- Será que vai precisar ir a um médico? – atencioso.

- Acredito que não... Ajuda-me?

Sem hesitar, enlaçou-me pela cintura, enquanto subíamos os vinte e cinco degraus daquela escada. Vinte e cinco degraus apoiando-me em um pé só! Vou me lembrar desses vinte e cinco degraus pelo resto da minha vida! Vinte e cinco degraus com o meu corpo colado ao dele. Vinte e cinco degraus e meus dedos passeando pelas costas dele, levemente...

Sentei-me no sofá, lentamente, tendo o cuidado de passar o meu decote próximo demais aos olhos dele, que não ficaram indiferentes.

Ele ajoelhou-se frente a mim e pegou meu pé para ver o estrago. Grande estrago!...

Nada havia, a não ser o meu pé a ser oferecido aos seus lábios, que não recusaram. Lábios quentes, mãos quentes, que me aqueciam de baixo para cima.

Sentia o seu desejo ardente em cada beijo dado que me subia perna acima, coisa bem facilitada pela saia que vestia.

Nossos olhos se encontraram e ele viu meu desejo escancarado. Foi-se a blusa com decote, foi-se a saia e ali ficamos nós, num sofazinho de uma empresa quase às escuras, ouvindo os carros a passar do lado de fora, e as vozes dos comerciantes fechando as suas portas, nos excitando a fazer tudo às pressas e com maior desejo.

Os seus dedos eram rápidos em achar caminhos e achou o meu ardente, molhado e desejando por ele.

Ele riu por um momento, rápido momento, e me beijou na boca, numa paixão furiosa, que me deixou sem fôlego e sem ação. Suas mãos passeavam pelos meus seios, pernas e sexo, numa sensação de múltiplos prazeres, enquanto sua boca ainda aprisionava a minha, com sua língua que tomava todos os seus espaços.

Ainda nessa fúria, me fez sua e suas mãos me aprisionavam como se quisessem me fazer mais do que parte dele. A dor, o tesão, a surpresa, o movimento, o lugar, tudo me enlouquecia. E quanto mais eu gemia, mais ele me infligia sensações que jamais esperava que ele pudesse me proporcionar.

Já não lembrava mais como era gozar desse jeito.

Fiquei uma semana em casa tratando dos hematomas...

2 comentários:

  1. Meu Deus, e com hematomas!!!
    Cereja em cima do bolo!!!!....rsrs
    (estou a ser malandreca...)
    Parabéns pelo texto...continua, o Jerónimo merece

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  2. Cá por mim, se eu fosse o Sr. Jerónimo, ia lá todos os dias pôr gelo no doidoi da menina.

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